Afinal, quanto vale Gyokeres

O mercado de transferências mudou. Mesmo que o Liverpool se prepare para fazer contratações de três dígitos (Wirtz ao Leverkusen e Isak ao Newcastle), será a exceção à regra. Porque nos últimos dois anos houve uma redução substancial do valor médio das contratações, a começar pelos clubes ingleses, apertados pelo controlo de fair play finaceiro da Premier League — é bom não esquecer as 115 acusações que ainda pendem sobre o Manchester City.
A demora na resolução do caso Gyokeres (já lhe podemos chamar assim) também se explica pelo contexto. Os compradores têm vindo a apertar a malha e o data é cada vez mais utilizado como suporte à decisão. E o que muitos especialistas de mercado apontam é a idade como fator exponencial ou de contração. No caso do sueco, os 27 anos podem representar um entrave. Porque atualmente os clubes ingleses só pagam acima dos 70/80 milhões se tiverem a certeza que estão a comprar futuro além do presente.
São argumentos discutíveis, como mais discutível é assistirmos a contratações de defesas pelos valores exigidos por Frederico Varandas. Paga-se mais por quem evita golos do que por quem os marca. São vários os exemplos: Huijsen por €60 milhões, Frimpong por €40 milhões ou Todibo por €40 milhões, quando uma promessa como Delap custou 35 ao Chelsea.
Por isso não será assim tão surpreendente se o mercado vier a pagar quase tanto por Diomande como por Gyokeres, apesar de para o adepto comum (mesmo os que não são nem portugueses nem do Sporting) as diferenças de valor serem tremendas — ninguém discute a qualidade do central de 21 anos e com muita margem para evoluir ao mais alto nível, mas o outro é aquele por quem as pessoas pagam bilhete.
Porém, a lógica dos scouts e diretores desportivos tem vindo a mudar baseado no pressuposto: quantos anos de elevada performance me garante este jogador? É claro que há exceções: o Man. United de Ruben Amorim pagou €75 milhões por um avançado de 26 anos (Matheus Cunha), mas com experiência de Premier League, algo que falta a Gyokeres, máximo goleador de uma liga que apesar de tudo é considerada periférica e exportadora de grandes talentos… abaixo dos 23 anos.
Como tudo na vida, a solução para este imbróglio estará seguramente no meio, com cedências de parte a parte.