Benfica suspende processo de centralização dos direitos televisivos

O Benfica decidiu suspender a sua posição no processo de centralização dos direitos televisivos e audiovisuais, segundo O JOGO apurou, tendo dado conta dessa decisão numa carta enviada ao presidente da Liga, Reinaldo Teixeira, a que o nosso jornal teve acesso, na qual solicita a suspensão do atual projeto, “até existir uma alteração de rumo, não acreditando que o processo em curso satisfará as necessidades do futebol português e do Benfica em particular”.
No mesmo documento, os responsáveis encarnados pedem uma profunda reflexão sobre o futebol português e apontam a necessidade urgente de realização de mudanças que tornem o setor mais competitivo e atraente. Este é o seguimento ao duro comunidado que as águias lançaram no seguimento da final da Taça de Portugal em que alegam terem sido muito prejudicadas pelo árbitro Luís Godinho e pelo VAR Tiago Martins.
Considera-se na Luz que desde a aprovação do decreto-lei governamental, em março de 2021, que pouco ou nada mudou, ao ponto de ser concluído que, desde então, a Liga nunca propôs um verdadeiro modelo de centralização e de afirmação do produto televisivo. Para os encarnados, não tem havia uma estratégia de internacionalização da liga portuguesa, nem melhoramentos ou capacitação dos estádios de futebol nacionais. Em paralelo, alegam que também não existiu uma real preocupação com o estado atual da arbitragem, deixando, assim, o futebol profissional à mercê da influência dos resultados desportivos numa atividade de movimenta largos milhões de euros.
Para o Benfica, o mercado de direitos televisivos é muito concentrado, faltando verdadeira concorrência entre operadores, sendo pouco efetivo o combate à pirataria, que causa perdas de receita que seriam destinadas aos clubes e que, por esse facto, está a obrigar o consumidor português a pagar os valores mais altos da Europa por este produto que, segundo afirmações do anterior responsável pela Liga, Pedro Proença, poderiam aportar um encaixe total a rondar os 300 milhões de euros, algo que, segundo os encarnados, é utópico. Os exemplos do que ocorre em França e Países Baixos obriga, segundo apontam, a que a Liga seja prudente a valorizar o produto antes de o centralizar. “A atual estrutura levanta dúvidas sobre a capacidade de o modelo gerar propostas verdadeiramente competitivas, e a ausência de ação por parte da Autoridade da Concorrência agravou o problema”, pode ler-se.
A internacionalização da liga portuguesa, defende o Benfica, é urgente e exequível, tendo como base o facto de o futebol português ser um dos maiores exportadores de talento e é um dos principais canais de promoção de Portugal no Mundo. Nesse sentido, através de uma estratégia e uma verdadeira política de inovação, com coragem e espírito reformista, a Direção liderada por Rui Costa considera que é possível alcançar um horizonte onde todos os clubes saiam mais fortes e cumpridos os objectivos de, sem excepção, todos os clubes ganharem mais.
Estas são as principais motivações que levaram o Benfica a defender a suspensão do projeto de centralização dos direitos televisivos e a sustentar a sua recusa de participação na Liga Centralização, entidade criada para gerir o processo, enquanto não for definido um novo modelo de direitos televisivos para um futuro de sucesso do futebol português. Em paralelo, solicitam os encarnados que sejam pedidas audiências urgentes com o Governo e restantes partidos com acento parlamentar para, juntamente com a Liga, procurar alternativas, pedindo ainda uma investigação à Liga em torno do “exercício de funções de ex-árbitros em estututuras futebolísticas, bem como mecanismos que bloqueiem influências diretas ou indiretas na atual arbitragem”.