FC Porto

Futuro escuda Martín Anselmi, mas teimosia do treinador encurta a paciência

A visão dos adeptos do FC Porto é clara e quase unânime: a derrota de sábado (0-1), em Braga, deixou os dragões a olharem para o título nacional por um canudo, esfumando-se, assim, o penúltimo objetivo da temporada em termos de troféus – resta o Mundial de Clubes. A juntar a isto, o próprio apuramento para a Liga dos Campeões 2025/26 está seriamente comprometido, o que representa duríssimo golpe nas ambições (e contas) do clube. Por outro lado, Martín Anselmi ainda tem margem de manobra. O crédito, porém, não é inesgotável e a “teimosia” demonstrada pelo treinador em termos táticos vai encurtando a paciência do universo azul e branco.

Aurora Cunha acredita em escorregadelas dos rivais e destoa de José Fernando Rio, Álvaro Magalhães, Carlos Tê e Brás da Cunha, que já dão esta temporada como perdida. Atitude do plantel reprovada.

Estas são as principais conclusões retiradas do inquérito levado a cabo por O JOGO junto de cinco adeptos ilustres. José Fernando Rio, Álvaro Magalhães, Aurora Cunha, Carlos Tê e Miguel Brás da Cunha convergem em praticamente todos os pontos e, no que toca ao argentino, a perspetiva de um futuro mais risonho, a começar já na próxima temporada, serve para dar o benefício da dúvida.

“Parece-me que Anselmi foi contratado a pensar na próxima época. Claro que, quando chegou, ainda havia metade da atual para jogar, (…) mas a ideia do treinador não se adequa ao plantel existente, e creio que a Direção contratou Anselmi a pensar nas alterações que pretende para a próxima temporada”, vinca Rio. “Anselmi devia tentar adaptar-se aos jogadores que tem e não à ideia que traz. A não ser que este momento já conte como uma espécie de pré-época, que é o mais certo”, sublinha Carlos Tê.

Álvaro Magalhães, por sua vez, encontra semelhanças entre o FC Porto atual e “o que está a acontecer no Manchester United”. “A ideia de jogo pode ser maravilhosa, mas se os jogadores não são… Os treinadores é que têm de adaptar-se aos jogadores que têm, sempre ouvi dizer disso”, assinala o cronista de O JOGO, com Brás da Cunha a excluir a hipótese de nova troca no banco. “Não creio que mudar novamente seja a solução, mas sim que o treinador perceba, ou que o ajudem a perceber, em que contexto está. E parece-me que essa ajuda está a falhar”, atira o membro do Conselho Superior do FC Porto.

A derrota em Braga deixou o FC Porto a seis pontos do Benfica, segundo classificado, e a nove do Sporting. Quatro dos cinco inquiridos atiram a toalha ao chão na luta pelo título

Aurora Cunha defende que é preciso respeitar Anselmi enquanto “escolha de André Villas-Boas” e refere que “por muito bom que um treinador seja, não se fazem omeletes sem ovos”. As críticas são, por isso, dirigidas aos jogadores. “Se uma equipa sai a perder para o intervalo, tem de voltar com espírito competitivo. Se necessário, a comer a relva! Falta garra e crença de vitória”, dispara.

E se os outros quatro inquiridos concordam com Aurora Cunha nos reparos à atitude do plantel, divergem da ex-atleta olímpica – acredita em escorregadelas dos rivais – na hora de classificar a época em curso. “A época é claramente negativa, porque não vamos atingir nenhum dos objetivos propostos. Mesmo a qualificação para a Champions é muito difícil”, refere Rio, secundado por Álvaro Magalhães e Carlos Tê. “Dois anos sem Champions é um golpe profundo. Muita gente fala num ano zero por causa das mudanças, mas, se calhar, vai ser abaixo de zero”, lamenta o escritor, enquanto o letrista mostra mais dúvidas. “Atendendo a tudo o que está para trás, não sei se podemos falar numa época má. De facto, o FC Porto não tem uma equipa para mais do que um terceiro lugar”, acrescenta.

Brás da Cunha, embora menos fatalista, assume visão… realista. “A distância é muito grande e dificilmente o principal objetivo será alcançado, o que faz com que a época seja má. A carreira na Taça de Portugal foi péssima e, na Liga Europa, francamente má”, finaliza.

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