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Campeão pelo Sporting envia mensagem através de A BOLA: «Acreditem, vamos quebrar mais um jejum»

O jogo do Sporting estava bloqueado sem golos na primeira parte. Aos 47 minutos De Franceschi é derrubado, fora da área, em zona frontal. O árbitro Jorge Coroado assinala falta. Um livre bem ao jeito de André Cruz, ideal para desbloquear o jogo no Vidal Pinheiro. Foi a 14 de maio de 2000. 25 anos depois, o defesa-central brasileiro de 56 anos recorda para A BOLA aquela tarde mítica frente ao Salgueiros, quando Sporting conquistou pela última vez um título na derradeira jornada. E fala de como hoje sofre à distância. No sábado, outra vez na última jornada, o leão pode voltar a ser campeão.

«Tenho uma recordação muito boa desse momento. Consegui realmente marcar um golo muito bonito e importante. Nunca é fácil, num jogo decisivo daqueles bater uma bola de livre. É bastante complicado e difícil concentrarmo-nos num momento como aquele. Tens de marcar, pois pode ser a única chance que tens para fazer golo. Eu já tinha feito isso contra o FC Porto, e em outros jogos, mas é sempre difícil. Felizmente deu certo. Inaugurámos o marcador, a equipa ganhou mais confiança e fizemos uma segunda parte muito boa. Depois o meu segundo golo fechou o resultado em 4-0, com um golo também de livre. Sinto-me muito honrado e é sempre muito bom reviver aqueles momentos», diz-nos de pronto André Cruz quando começamos a falar daquele final de tarde de domingo.

O título de campeão conquistado pelo Sporting na última jornada da época 1999/2000 colocou fim a um jejum de 18 anos sem campeonatos ganhos pelos leões. «Foi muito bom. Para chegar àquele jogo com o Salgueiros, àquele momento, muita coisa aconteceu, A preparação para o título começou muito lá atrás. Mesmo antes de começar o campeonato, com todo o planeamento do Carlos Freitas e do Luís Duque. Depois, a minha chegada, do Mbo Mpenza e do César Prates fortaleceu muito mais uma equipa que já era forte. Esse jogo permitiu-nos completar toda a época com o título. Passei dois anos e meio excelentes. No Sporting consegui atingir um grande momento físico e mental. Consegui realizar tudo aquilo que eu sempre quis.»

Os livres que foram imagem de marca foram decisivos naquela tarde em Paranhos, mas André Cruz recorda como foi crucial, nessa histórica época, a 26ª jornada, a 18 de março. O Sporting estava em 2.º na classificação com menos dois pontos do que o líder FC Porto. Em Alvalade venceu por 2-0: «O jogo com o FC Porto foi importantíssimo, pois eles estavam à nossa frente. Eu marquei o primeiro golo, também de livre. Nós vencemos, ficámos em 1.º e depois tivemos de manter essa liderança até ao final do campeonato. A pressão era enorme, pois esperavam sempre que eu fizesse golo de livre. Essa sempre foi uma marca minha, desde os 11 anos.»e

«Quem treina bem joga bem»

Cedo, no Brasil, se habituou a jogar com a obrigatoriedade de ganhar, mas o defesa-central recorda as horas que antecederam o jogo decisivo com o Salgueiros. «Com 15 ou 16 anos fui convocado pela primeira vez para a seleção brasileira e tornei-me capitão de equipa, por isso desde cedo que me habituei à pressão. Mas, a cada jogo aparecia o nervosismo e aquele frio na barriga. É importante sabermos lidar com essa ansiedade, manter o foco e controlar bem a respiração. Alerto sempre para a necessidade de respirar pelo nariz, soltar pela boca e puxar bem o ar… Pensamento positivo e concentração. Digo sempre ao meu filho, e aos meus atletas, que quem treina bem joga bem e quem treina mal joga mal. Se tu te preparas para o que vai acontecer tens grandes hipóteses que corra bem. É claro que vais enfrentar um adversário complicado, que também vai estar concentrado e focado no objetivo que tem. Mas eu vejo o Sporting muito bem trabalhado, conseguiu manter um nível alto de futebol, mesmo com algumas dificuldades.»

Muitos dos que no próximo sábado vão entrar em campo no Estádio José Alvalade não eram nascidos naquela tarde de 14 de maio de 2000. Rui Silva e Ricardo Esgaio tinham 6 anos. Nuno Santos tinha 5. Pedro Gonçalves estava quase a completar dois anos de vida, Daniel Bragança um e Francisco Trincão tinha nascido há quase cinco meses. Os estrangeiros Matheus Reis, St. Juste, Maxi Araújo, Morita, Hjulmand e Gyokeres eram pequenos demais para saber que em Portugal havia um clube de nome Sporting Clube de Portugal. Mas, muitos dos que vão estar nas bancadas (e no banco de suplentes) irão sofrer como há 25 anos. Viraram os livres do defesa-central que foi internacional brasileiro e que por cá foi grande de leão ao peito. Para esses, André Cruz envia uma mensagem nesta conversa com A BOLA: «Acreditem, vamos quebrar masi um jejum. Vai ser mais uma experiência na carreira dos jogadores. Será mais um título na carreira de alguns e o primeiro na carreira de outros. Vai ser um jogo muito importante onde os jogadores precisam de trabalhar com calma, tranquilidade, naturalidade e não mudar nada do que têm feito. É um jogo muito importante para consolidar tudo aquilo que foi feito ao longo da época. Acredito que o Sporting tem tudo para conquistar mais um título e quebrar o jejum de 71 anos sem ser bicampeão. Os adeptos vão encher o estádio e fazer uma pressão muito grande para ajudar o Sporting a ganhar.»

Acompanhar os jogos dos Sporting nem sempre é fácil para quem vive no Brasil, mas André Cruz não desiste e tenta sempre ver os jogos da equipa orientada por Rui Borges: «Tive bastantes dificuldades em ver o jogo contra o Gil Vicente, mas do que vi lembrei-me de um jogo horrível que também fizemos em casa e depois fomos campeões. Agora é igual. Espero que o final neste último jogo sejamos campeões. Eu aqui no Brasil vou tentar conseguir ver o jogo para poder comemorar mais um título do clube, que é sempre muito importante.»

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