
— Em relação a esse incidente, estamos perfeitamente tranquilos. O estádio foi vistoriado pela Liga, está validado pela Proteção Civil e pelos bombeiros. Aquela infraestrutura em questão está lá há mais de 20 anos, o que aconteceu é que há selvagens que não devem estar num recinto desportivo. Basta ver as imagens. Pontapearam aquilo inúmeras vezes até partir, por isso, agora é uma questão para as entidades. O Sporting fez o que tinha de fazer. O Sporting condena atitudes dos nossos adeptos e pelos dos outros. É coerente. Houve há meses um ataque bárbaro, cobarde, a adeptos do FC Porto. Agora houve 17 feridos, por selvagens que não podem estar num recinto desportivo. Agora, comparar isto com objetos que eu vejo, em todos os jogos, atirarem a festejar um golo, pelo amor de Deus.
Nunca conseguimos ser o campeão do mercado. Nem em número de jogadores, de jatos particulares, de aeroportos ou contratações secretas. Nunca conseguimos e tenho de reconhecer isso. Nós temos sido mais fortes a conquistar campeonatos
O que se passou no último dia de mercado com o Jota Silva?
— Há uma coisa que eu tenho de reconhecer, desde 2018, é que nunca conseguimos ser o campeão do mercado. Nunca conseguimos nem em número de investimento, de jogadores, de jatos particulares, de aeroportos ou contratações secretas. Nunca conseguimos e tenho de reconhecer isso. Nós temos sido mais fortes a conquistar campeonatos. Tem sido a nossa força. O Jota foi um jogador que foi identificado pelo nosso treinador, que gostaria de trazer o Jota, no intuito de trazer maior profundidade ao plantel. Esse pedido foi validado pela estrutura do Sporting, que estava de acordo com o nosso treinador. Decidimos que o Jota era um dos alvos deste mercado de transferências. Isso obviamente obriga a um determinado esforço financeiro e tanto nós como o treinador tínhamos o objetivo de trazer o Jota por empréstimo. O Jota esteve inegociável praticamente durante todo o mercado, pois era pedido um valor de cerca de 15 milhões de euros, a que nós, administração e treinador, dissemos nem pensar. No penúltimo dia do mercado, o Nottingham, com todo o direito, recebeu uma proposta do Botafogo de 19 milhões de euros para o Jota. Informámos ao nosso treinador, que esteve sempre a par do processo, que o tema Jota tinha acabado. Mas, o Jota recusou essa proposta e já perto da meia-noite, pelas 23h20, mais ou menos, no último dia, o Nottingham aceita fazer um empréstimo, mais ou menos nos nossos moldes, mas não nos nossos valores. O Sporting cedeu. Estamos a falar de uma coisa entre 3 e 4 minutos, pois não havia tempo, e aceitámos uma proposta de empréstimo de 4,5 milhões de euros, mais o salário de 2,5 milhões de euros. Seria 7 milhões de euros o empréstimo do jogador. Recebemos a documentação do Nottingham Forest, já depois deste acordo, às 23h45. Eu percebo que não têm esta experiência, mas é praticamente impossível receber a documentação, preencher os impressos, assinar os contratos, digitalizar, pôr na plataforma. Era tecnicamente impossível. Quando recebemos a documentação final às 23h45, as pessoas experientes do nosso departamento jurídico, disseram: «Presidente, isto não vai ser possível.» Mas, tentámos. Depois aconteceu estas novelas do podia ter-se enviado um email. Não! Fez-se tudo em 16 minutos. Eu nunca pensei e eu tenho de dar aqui um agradecimento ao departamento jurídico pelo que fizeram. Tentámos, não conseguimos o Jota. Nós, acabam os mercados de transferências e somos sempre uma desilusão. Basta recordar o ano passado, no mercado de verão, em que se elogiou muito o mercado de transferências do FC Porto, que tinha sido muito inteligente. Lembro-me também que em janeiro fui altamente criticado, porque o Sporting não foi ambicioso nem competente, ao contrário do outro rival que investiu muito, quis muito apostar na conquista do campeonato e o Sporting descuidou a conquista do bicampeonato. Foi assim. E como é que terminou? Terminou com um bicampeonato e uma dobradinha. Por isso, estou habituado a estes psicodramas. Mas, agora vou fazer a análise do nosso mercado de transferências. Nós tivemos um objetivo neste mercado de transferências, que foi o mesmo de há um ano, que foi manter o grupo campeão. Neste caso, manter o grupo bicampeão. Na época 2023/24 para a época 2024/25 o Sporting perdeu um titular. Após maus mercados, fomos bicampeões. Agora, após sermos bicampeões, perdemos um jogador titular e fomos buscar cinco potenciais titulares e ainda um jovem de 22 anos com grande potencial. Esta é a nossa leitura do mercado e estamos mais fortes do que estávamos há um ano. O Sporting, no ano passado, era o plantel mais valioso do campeonato. Fechado o mercado, o plantel do Sporting é novamente mais valioso do campeonato, com mais cerca de 80 milhões do que o segundo classificado e cerca de 100 milhões para o terceiro. O Sporting tem um balneário bicampeão e se é para entrar algum jogador, tem que ser algum melhor do que o bicampeão Trincão, do que o bicampeão Pote, do que o bicampeão Morten, ou o bicampeão Inácio. E o que eu assisti, esta época, mais uma vez, é que o Morten estava perdido para Itália e tenho de lhe dar uma palavra porque o nosso capitão recusou várias propostas para ganhar o triplo, e depois de uma conversa com a administração, o Morten acedeu a ficar mais de um ano. Segurámos o Morten. Depois, o Trincão e o Gonçalo Inácio era a Arábia Saudita… o Diomande estava perdido para o Cristal Palace… E o que é que aconteceu? Mantivemos o grupo. O Sporting tem uma forma de trabalhar, que não muda. Eu tenho eleições este ano e não é por estarmos em ano de eleições que vou mudar a nossa estratégia. Não vamos mudar. Diz-se que o Sporting fez um all-in na época de 2020/21, sabe quanto é que o Sporting investiu nesse ano? 30 milhões de euros e fomos campeões nacionais. O Sporting, este ano, faz, pelo terceiro ano consecutivo, o maior investimento da sua história. O Sporting este ano vendeu cerca de 100 milhões de euros e investimos 75 milhões de euros, onde estão incluídos os 11 milhões do resto do passe do Trincão. Acho que há uma certa falta de respeito pelo nosso grupo.