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Debast e a “celebração de loucos” no Sporting: «Até tentaram saltar de uma ponte para o autocarro…»

Zeno Debast juntou-se esta segunda-feira aos trabalhos da seleção da Bélgica e, já no país natal, concedeu uma entrevista na qual abordou a época de estreia pelo Sporting. Entre várias vivências e capítulos passados de leão ao peito ao longo de 2024/25, o defesa de raiz, que terminou a temporada como médio com Rui Borges, destacou as emoções sentidas após conseguir a dobradinha. Em entrevista ao ‘Het Laatste Nieuws’ (HLN), o internacional belga de 21 anos começou por lembrar momentos únicos e a comunhão com os adeptos no bicampeonato dos verdes e brancos.

“Ainda não tenho palavras para descrever. Acho que havia mais de 120 mil adeptos na cidade para acompanhar o nosso autocarro. São 120 mil pessoas! Ainda vejo todos os dias os vídeos que gravei. A sério. As loucuras que aconteceram lá… Acho que vi tudo numa única noite. Foi de loucos. Vi alguém a tentar saltar de uma ponte para o nosso autocarro. Outro adepto estava pendurado num poste de iluminação a quatro metros de altura. Incrível! É assim que se vê o que o futebol pode fazer a uma pessoa”, confessou ZDB, revelando ainda como viveu as horas do dia após a vitória sobre o Vitória de Guimarães e consequente título nacional.

“Só um dia depois me apercebi bem do que aconteceu. Depois do jogo, foi tudo muito rápido. Queres encontrar a família o mais rápido possível — eles estavam presentes e emocionados, o que me tocou —, comemorar com os colegas de equipa, entrar no autocarro e fazer a festa. Só fui para a cama às sete da manhã. E quando acordei algumas horas depois, disse: ‘Zeno, és campeão’. Nessa noite, fomos a um restaurante com todo o grupo. Estávamos eufóricos. Essa euforia durou até depois da final da Taça ganha”, garantiu.

De resto, Debast apontou, claro está, o triunfo sobre os vimaranenses como o momento mais alto de 2024/25. “A última jornada. Tanto o Benfica como nós ainda podíamos ser campeões. Nós ganhámos, eles empataram. Mas foi emocionante, porque ainda podia acontecer de tudo. O facto de, no final, conquistarmos o título é fantástico”, assumiu o jogador que descreveu como “inesquecível” e “fenomenal” a temporada de estreia em Portugal.

A título de curiosidade, o belga vincou ainda a importância dos dérbis entre Sporting e Benfica, algo que vivenciou de forma intensa esta temporada, fruto da disputa de várias competições entre os eternos rivais. “Eu achava que tinha vivido muito nos jogos contra o Standard [Liège], o Club Brugge ou o Union [St. Gilloise]. Ui, nada disso! Lá, já se começa a falar do dérbi quatro semanas antes. Até na padaria se ouve falar do jogo. Acho que há adeptos que não conseguem dormir nos dias antes ou depois dos dérbis”, brincou.

O impacto de Amorim e da comunicação social

Na mesma entrevista, Debast lembrou ainda os tempos iniciais de leão ao peito. Contratado pelo Sporting ao Anderlecht num negócio de 15,5 milhões de euros fixos (aos quais pode acrescer 5,5 M€ mediante objetivos), o jovem jogador não esquece o impacto de Ruben Amorim, técnico que o quis desde cedo em Alvalade.

“Foi difícil aceitar quando soube que ele ia embora. O Hugo Viana também escolheu o Manchester City a meio da época. Foram essas duas pessoas que me vieram buscar ao Anderlecht. Enquanto jovem começas a pensar ‘Ok, ainda vou ter a minha oportunidade ou tudo vai mudar?’. Mas, no final, correu tudo bem. O grupo lidou bem com a saída de Amorim. A propósito, ainda mantenho contacto com ele de vez em quando. Enviou-me uma mensagem depois do título, assim como o Emanuel Ferro e o Carlos Fernandes, que foram com ele também. Isso é bom. A escolha que fiz no ano passado revelou-se a correta”, admitiu ZDB, o qual vê o Sporting ter outro peso mediático em Portugal, comparativamente ao que acontecia na sua trajetória pelo Anderlecht na Bélgica.

“Em Lisboa, cidade maior do que Bruxelas, os media sabem de tudo. Se fores a um restaurante com a equipa, as câmaras estão à tua espera quando chegas. Mas atenção: as pessoas são descontraídas. Só quando perdes é que não deves aparecer no centro durante dois dias”, deixou claro.

A prometida tatuagem do Lille e os quilos ganhos

Ainda em 2024/25, Debast viveu um momento especial, quando apontou um golaço na vitória (2-0) do Sporting sobre o Lille, um episódio que o belga não esquece e que até poderá, no futuro, ficar gravado… na pele. ” Tatuagem? já tenho algumas ideias em mente. Talvez algo relacionado com o meu golo na Liga dos Campeões contra o Lille, a data, ou algo assim. Além disso, talvez algumas palavras em português ou um troféu. Mas só será depois do verão. Ainda preciso pensar um pouco”, garantiu.

Além disso, ZDB abordou ainda o facto de ter conseguido maior massa muscular, mais concretamente seis quilos, num trabalho realizado sob o olhar atento do preparador físico Francisco Martins.

“É fantástico que o futebol seja tão importante lá. Mas há outras coisas também, claro. Morei praticamente sozinho no estrangeiro durante um ano. Uma nova língua, um novo grupo, novos colegas de equipa… Sinto que estou mais seguro de mim mesmo. Também em campo. Melhorei defensivamente e, num ano, ganhei seis quilos de massa muscular. Tudo o que prometeram no Sporting de antemão, cumpriram”, explicou, detalhando: ” Há um orçamento um pouco maior, mais pessoas a trabalhar para o clube. O Sporting tem, por exemplo, um nutricionista por jogador. Todos recebem o seu plano individual. Desde janeiro que trabalho com um chef pessoal que vem cozinhar a minha casa quatro a cinco vezes por semana. Ele sabe perfeitamente o que o meu corpo precisa.”

Médio ou defesa?

Ao longo da temporada, Debast foi utilizado em várias posições e, se a verdade é que até começou por alinhar como central do meio antes de virar à direita, ainda terminou a época a médio sob a batuta de Rui Borges. Depois de ter apontado dois golos e quatro assistências em 42 partidas ao longo de 2024/25, ZDB diz agora como se vê a nível de posição no terreno.

“Falei com o mister Rui Borges. Ele também me vê como um médio e quis dar uma oportunidade a isso. A escolha acabou por dar certo e continuei nessa posição. Cresci e fui criado como defesa-central, esses automatismos estão dentro de mim, às vezes ainda treino nessa posição, isso foi discutido internamente. Não quero perder as subtilezas e a sensação de defender”, analisou.

Uma vez que treinou várias vezes no setor recuado, Debast ainda avaliou como era defrontar Gyökeres nos treinos do Sporting. “Ele é um monstro, um trabalhador incansável. O Viktor é o jogador mais completo que já vi. Ele nunca se satisfaz. É preciso ter dormido bem e tomado um bom pequeno almoço antes do treino. Caso contrário, não vai correr bem”, concluiu o internacional belga.

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