E todos ficaram felizes: Gyokeres, Sporting, Arsenal, Benfica e FC Porto…

Pronto: e foram (todos) felizes para sempre. Arsenal fica com Gyokeres, Gyokeres fica com o Arsenal, Sporting fica com 70+10 e, por fim, Benfica e FC Porto ficam com o sueco a 1600 quilómetros de distância. O grande vencedor desta quase interminável novela é Frederico Varandas. O presidente dos leões começou por parecer estar a jogar roleta russa: cinco balas e um buraco e a disparar. Agora, mês e meio mais tarde e 100 golos depois, sai por cima.
Sai Gyokeres e o Sporting quer o tricampeonato. Não vai ser fácil. Nunca o foi. A última vez que os leões ganharam três campeonatos seguidos foi em 1952, 1953, 1954. Ainda o antigo Estádio José Alvalade não estava de pé. Pode o Sporting, sem o sueco, chegar ao tri? Pode, claro. Há quatro anos, em 2020/2021, foi campeão com Tiago Tomás e, a partir de janeiro, com Paulinho. Mas com Pedro Gonçalves, o BOLA de Prata. Eusébio saiu do Benfica no final de 1974/1975 e, nos dez anos seguintes, os encarnados ganharam cinco campeonatos: 1976, 1977, 1981, 1983 e 1984. Gomes saiu do FC Porto no final de 1988/1989 e, na década seguinte, o FC Porto venceu oito campeonatos: 1990, 1992, 1993, 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999. Eusébio, Gomes e Gyokeres serão eternos nos corações vermelhos, azuis e verdes, mas não foram insubstituíveis. O Sporting atacará o tri com Harder, Pedro Gonçalves e, provavelmente, Luis Suárez. O novo, não o velho.
Ninguém sabe se chega, até porque cada campeonato é uma espécie de melão, pois que só depois de aberto se saberá se está ponto a ser consumido. Tal como só depois de a bola começar a rolar saberemos quem estará mais perto de ser campeão. Até porque a lenda de que o campeão em título é sempre favorito para a época seguinte não passa disso mesmo: lenda. O FC Porto não foi pentacampeão porque tinha sido tetracampeão e não foi tetracampeão porque era tricampeão e não foi tricampeão porque era bicampeão, nem foi bicampeão porque era campeão. Foi porque foi mais forte entre 1994 e 1999. Tal como o tetracampeonato do Benfica. Aconteceu porque, entre 2013 e 2017, porque o Benfica foi mais forte. Tal como o Sporting entre 1950 e 1954. ganhou o tetra porque foi mais forte. E em 2025/2026 o mais forte vencerá, de novo, o campeonato.
A confirmar-se a saída de Gyokeres para o Arsenal por 70+10 milhões de euros, será a quinta transferência mais elevada da história das equipas portuguesas, apenas superada pelas de Enzo Fernández do Benfica para o Chelsea (121M), João Félix do Benfica para o Atlético Madrid (120M), Darwin Núñez do Benfica para o Liverpool (75+25M) e Rúben Dias do Benfica para o Manchester City (72M). Gonçalo Ramos saiu por 65M do Benfica para o PSG, o mesmo valor de Bruno Fernandes do Sporting para o Man. United. Será, pois, recorde para os cofres leoninos.