José Alberto Carvalho critica Estado após destruição na Serra do Açor: “A boa notícia é que já não há nada mais para arder”

Na rubrica habitual “A fechar, uma boa notícia”, o jornalista usou a ironia para comentar o cenário de devastação:
“A Serra do Açor não vai arder no próximo ano – de certo não arderá porque já não há nada mais para arder”, atirou, tendo como pano de fundo imagens do rasto deixado pelas chamas.
No seu comentário, o jornalista sublinhou que os habitantes e empresas do interior, apesar de conscientes dos riscos, continuam a resistir e a investir, mas que o Estado tem falhado em dar respostas.
“O Estado não foi capaz de impedir a desertificação, de travar o abandono florestal e rural, de criar o tecido económico necessário para que as pessoas vivam e se prendam a estes sítios. O mínimo que se espera do Estado é que reaja a tempo, com vigor e, sobretudo, atempadamente e com convicção, numa circunstância de crise, emergência ou catástrofe”, lamentou.
Recorrendo a uma metáfora, José Alberto Carvalho reforçou a crítica: “Chamar apenas hoje o apoio do mecanismo europeu de proteção civil parece-me o mesmo do que chamar os bombeiros para apagar um fogo numa floresta cujo proprietário não a limpou quando devia. O mais triste é que isto parece confirmar que o Estado tem uma certa tendência para se atrasar no que diz respeito às respostas que o interior precisa.”
O jornalista concluiu com uma nota de ironia amarga: “E se é assim durante uma crise, uma emergência, porque não terá de ser assim o resto do ano ou o resto dos anos? A boa notícia é que, para o ano, a Serra do Açor não vai arder.”