Mensagem ao Benfica e defesa de Rui Borges: o discurso de Frederico Varandas

O Sporting marcou presença na Câmara Municipal de Lisboa e Frederico Varandas aproveitou para fazer um longo discurso, no qual agradeceu o apoio de todos os adeptos, o esforço de todos os jogadores e equipa técnica, que resultou na conquista do bicampeonato.
«Boa tarde a todos, quem percebe de treino e fisiologia, o dia de hoje é sempre o mais duro. Primeira palavra vai para os adeptos do Sporting Clube de Portugal. Obrigado por terem lutado connosco lado a lado, nos estádios, na estrada, nas ruas, sempre, não só lado a lado, mas muitas vezes a carregar a equipa às costas nos momentos mais difíceis. Muito obrigado pela dedicação, pela entrega e sobretudo por terem acreditado até ao fim que nós estaríamos aqui novamente», começou por dizer, abordando a festa no Marquês e os assobios a Carlos Moedas.
«E sobre a festa… meu Deus, que festa. E porque eu percebo que a vocês só chegue parte da informação, eu quero agradecer ao presidente Carlos Moedas, porque foram mais de 24 horas juntamente com o presidente do Sporting Clube de Portugal a tentar encontrar as razões técnicas e políticas para que não houvesse condicionamentos na festa como assim aconteceu. E deixem que me vos diga, sou militar e respeito e muito todas as ordens de todas as forças de seguranças, mas não tratem os adeptos do futebol como criminosos. Não prejudiquem algo que faz parte da nossa cultura, o futebol faz parte da nossa cultura, não prejudiquem centenas de milhares de adeptos que têm paixão apenas pelo seu clube, apenas por uma minoria que não se sabe comportar. E que lição deram centenas de milhares de pessoas novamente, numa festa linda foram novamente bicampeões a saber festejar. Muito obrigado», agradeceu Varandas, deixando uma mensagem ao rival Benfica, antes da final da Taça de Portugal, não esquecendo figuras leoninas que saíram do clube recentemente.
«As minhas segundas palavras vão para o nosso grande rival. Que luta que foi, foram digno vencido e valorizaram muito a nossa conquista. Não venceram, mas não deixaram de fazer um grande campeonato, honra ao nosso grande rival. Terceira palavra e agora falando internamente para o nosso Sporting. Os primeiros a quem eu me quero dirigir são quem não está aqui hoje. Ruben Amorim, João Pereira, Hugo Viana, também são campeões, muito obrigado por tudo o que contribuíram para hoje estarmos aqui. Mas o grande destaque tem de ser para os que aqui estão e quem é que está aqui? O bicampeão, meus senhores. Algo que não acontecia há 71 anos. É verdade que não tínhamos o maior orçamento, o maior investimento, mas fomos quem fez mais pontos, o melhor ataque, a melhor defesa, a equipa que liderou em 30 jornadas o campeonato nacional, tivemos o melhor marcador, o melhor jogador da Liga, há dúvidas?», atirou, fazendo um balanço de temporada, muita complicada a todos os níveis.
«Mas há muito mais para contar, para além destes números. E que ano que isto foi meus caros. E agora deixem-me dirigir para os heróis deste campeonato, os jogadores do Sporting Clube de Portugal. E são heróis pelas inesperadas saídas que tivemos, a meio, pela onda inacreditável de lesões que tivemos durante o ano. Chegámos a ter mais de 11 jogadores indisponíveis, chegámos por ter em vários jogos um único médio disponível. Tivemos ao longo do ano lesões graves e longas em jogadores chave do nosso plantel e quando muitos começaram a tremer, este grupo nunca duvidou, nunca tremeu. Agarrámo-nos uns aos outros, não tínhamos este, jogava aquele. Aquele não podia, jogava ele. Este não podia, jogava outro. Mas em cada jogo lutámos com tudo o que tivemos, com tudo o que tínhamos e lutámos até ao fim. Passámos por muito, merecíamos muito e eu sei que eles pensam como eu, de todos os títulos, este foi o título mais saboroso até hoje», garantiu, elogiando Rui Borges.
«E o que dizer sobre o nosso treinador, Rui Borges? Já ouvi muitas vezes o nosso treinador dizer que é de Mirandela, mas mister, deixe-me dizer, é indiferente ser de Mirandela, da Praça de Londres ou de Cascais, o que me interessa é a sua capacidade de liderança de grupo e competência. Também já o ouvi dizer que nunca estudou, pois vou dizer-lhe uma coisa mister, nunca estudou mas é licenciado e doutorado em carácter, nobreza e valores em qualidades humanas. E mais… Vou dizer-lhe que pode dar muitas lições, explicações a pessoas que nunca nada conquistaram na vida, mas que se acham alguém apenas por falar numa televisão. Mas sobre o treinador ainda tenho de dizer que tenho de tirar o chapéu pela capacidade com que se teve de adaptar, muitas vezes ou quase sempre não jogando na sua ideia de jogo, mas não só se adaptou como venceu. Quantos treinadores não conseguem nem têm a flexibilidade de se adaptar, e este não só se adaptou como venceu e é campeão nacional. E para terminar, só com um apontamento, este treinador conseguiu ser campeão, fazer 19 jornadas sem perder, ir à Luz, ir ao Dragão, jogar com o SC Braga e nunca teve o onze de gala disponível que andou a jogar nas primeiras 11 jornadas. Nunca teve por uma única vez o onze de gala disponível até hoje, muito obrigado por ser o meu treinador», disse, enaltecendo o trabalho da sua estrutura.
«Por fim, se eu agradeci aos heróis, ao treinador, eu não posso deixar de agradecer ao que hoje se tornou indiscutível e indispensável ao Sporting, a estrutura do Sporting. Esta estrutura deu suporte a três treinadores, integrou, adaptou duas equipas técnicas, esta estrutura nunca tremeu, estrutura com cultura vencedora. Sem lamentações, sem desculpas, esta é a cultura interna que há hoje no Sporting, seja na estrutura de futebol, nas modalidades, nos colaboradores, seja nos órgãos sociais, muito obrigado a todos. Perante o ano também fomos lendo, fomos vendo muitos gurus de comunicação, experts de comunicação, mas eu só posso dizer uma coisa: percebem muito pouco de liderança e ainda muito menos de como tornar um clube vencedor. Presidente [Carlos Moedas], não foi consigo, mas em maio de 2019 estivemos aqui pela primeira vez e após a conquista de duas taças com o treinador Keizer, coisa pouca… discursei nesta casa e disse: mais importante do que estes títulos é o rumo que o Sporting está a percorrer e hoje, para os mais distraídos, depois de termos percorrido este caminho, desde que esta direção entrou em funções em 2018, o Sporting conquistou três campeonatos, os nossos rivais dois cada um, sendo que nos últimos cinco anos conquistámos três. Isto significa de uma forma objetiva e factual, o Sporting desde 2018 é o número 1 em Portugal. E isto ainda parece mais surreal se nos lembrarmos que em 2018 o Sporting não vencia um campeonato há 17 anos e estava só no pior período de toda a sua história. Qual é o segredo desta direção e administração? É muito simples, amor pelo clube, espírito de missão, coragem, cabeça fria e muita racionalidade. O Sporting é hoje um clube digno, íntegro, jovem, pujante e bicampeão», afirmou.
«Hoje vejo aqui à minha frente muitos jovens, muitas crianças e uma das razões porque nós decidimos tomar conta deste clube foi para que vocês não passassem o que a minha geração passou, não festejando campeonatos durante 18 e depois 19 anos. Hoje tenho em casa dois filhos, um com 5 anos, já viu o Sporting ser campeão três vezes, e a minha filha [Petra], que faz hoje dois anos, só sabe ser campeã. Para terminar, para todos vocês, para todos os sportinguistas, nós respeitamos muito, muito, os nossos rivais, mas quero que saibam que nós queremos muito, mas muito, mas mesmo muito, o tricampeonato. Viva o Sporting!», finalizou.