A tensão em torno da possível saída de Viktor Gyökeres do Sporting não pára de crescer — e agora chegou à bancada.
A Torcida Verde, uma das claques mais antigas e activas dos leões, recorreu às redes sociais para publicar uma longa mensagem crítica, claramente dirigida à situação do avançado sueco, embora sem o mencionar directamente.
No texto, a claque recupera o lema que há muito exibe no topo sul do Estádio José Alvalade — “Zero Ídolos” — e faz um apelo à lucidez dos adeptos: “Os anos passam, os episódios com epicentro na idólatra dos futebolistas sucedem-se, com resultados avassaladores para a identidade do SCP”. A mensagem aponta o dedo às campanhas de comunicação e merchandising que promovem jogadores a ídolos passageiros, apenas para, mais tarde, causarem “desilusões” quando trocam o clube por contratos mais lucrativos.
Sem nunca citar o nome de Gyökeres, a publicação critica duramente o ambiente criado em torno da sua potencial transferência e os recentes confrontos mediáticos entre o empresário Hasan Cetinkaya e a SAD liderada por Frederico Varandas. O texto acusa os dirigentes de “normalizar a inevitabilidade da saída dos jogadores” com discursos como o “formar para vender”, especialmente para clubes da Premier League.
A crítica estende-se também aos jogadores, descritos como figuras com “vínculo efémero, frágil, artificial” ao clube, frequentemente envolvidos em “comportamentos infantilizados no espaço mediático” ou disputas com os dirigentes “escudados nos seus testas de ferro: os execráveis agentes”.
A Torcida Verde sublinha que esta tomada de posição não visa hostilizar os futebolistas, mas sim “manter um distanciamento higiénico” para evitar novas decepções. “Porque ‘tem gente tão pobre mas tão pobre que a única coisa que têm é dinheiro’”, lê-se, numa citação que resume o tom duro da mensagem.
Num momento em que Gyökeres está no centro do mercado, com propostas da Juventus e do Arsenal e um ambiente cada vez mais tenso com a estrutura leonina, este recado da bancada deixa claro que nem todos os adeptos estão dispostos a embarcar na “idolatria moderna” do futebol.
