Sporting

O Sporting no rumo certo

Escrevo esta crónica pelas 10 da noite do domingo em que perdemos, em casa, a final do campeonato de futsal para o Sport Lisboa e Benfica numa negra frenética que acabou por pender para o clube encarnado. E é a nossa derrota que explica o silêncio em que a minha casa se encontra. É que os miúdos, com o jogo quase todo em vantagem, ficaram como os balões depois de picados por uma agulha: os corpos esvaziaram-se de euforia e eles, basicamente, murcharam no sofá. Já vos tinha dito na primeira vez que escrevi nestas páginas que esta geração de sportinguistas não está habituada a perder. E esta época, com as conquistas de campeonato e Taça de Portugal no futebol, campeonato e Taça de Portugal no andebol, campeonato no voleibol e Taça de Portugal no hóquei ficou particularmente complicado explicar-lhes que, de facto, não se pode ganhar sempre. Esta derrota é, por isso, uma dolorosa, mas muito necessária lição.

Ainda assim, a finalíssima do campeonato de futsal não foi o único destaque deste domingo no universo do Sporting Clube de Portugal. Aliás, arrisco dizer que não foi sequer o mais importante deste dia em que o clube teve a assembleia geral onde se votaram o orçamento dos rendimentos, gastos e investimentos do clube para o próximo exercício, bem como as contas referentes ao exercício económico de 1 de julho de 2023 a 30 de junho de 2024, ambos aprovados por maiorias esmagadoras, o que mostra, uma vez mais, o momento de calmaria e união que se vive no clube. União e calmaria essas que, aliás, foram visíveis pela forma exemplar e pela elevação com que decorreram os trabalhos.

Depois da reunião magna e, obviamente, dos resultados desportivos e financeiros desta época, acredito piamente que ficam totalmente silenciados os ainda existentes viúvos de Bruno de Carvalho, que, presos por uma fidelidade quase canina ao anterior presidente, não têm mais por onde pegar contra esta Direção, que está, literalmente, a fazer tudo bem.

Temos um presidente que foi ganhando assertividade — como se viu nas declarações sobre o caso Gyokeres, onde deixou absolutamente claro que o Sporting, apesar de sensível ao sonho do jogador, não tem necessidade de vender os seus melhores ativos ao desbarato e que não há qualquer hipótese de o avançado sair por 60+10 milhões —, temos o estádio a ganhar o aspeto que sempre pedimos com a demolição do abominável fosso, que dará, esta época, espaço a mais dois mil lugares, temos bons (ótimos) resultados desportivos e um clube que respira tranquilidade do ponto de vista financeiro.

Além disso, e esta é uma notícia extraordinária, após a renumeração de sócios agora terminada, o Sporting atinge o marco histórico dos 179.208 associados, o que se irá traduzir num recorde de quotização de 14,5 milhões de euros.

E neste ponto, deixem-me puxar a brasa de mãe orgulhosa, finalmente vi os meus filhos engrossarem este número porque, até agora, não os tinha podido associar. Sendo o pai adepto do Benfica, foi decidido quando nasceram que esperaríamos que a escolha fosse feita por eles e que só seriam associados a um clube quando percebêssemos que essa mesma escolha estava absolutamente consolidada.

E isso aconteceu agora, com seis e oito anos, e um pai derrotado a dizer «pronto, podes associá-los». Serem sócios do Sporting foi o presente que receberam no Dia da Criança e só vos digo que agora todos os dias vão à caixa do correio espreitar se já chegou o cartão físico. E de nada adiantou eu explicar-lhes que o clube estava em processo de renumeração de sócios e que o cartão iria demorar — a paixão nunca quis saber de pormenores logísticos, verdade?

Não me lembro, nos meus praticamente trinta e oito anos de vida, de uma altura tão pacífica e próspera no Sporting. E acredito que um dos fatores-chave para esta felicidade e união que se vivem seja também o trabalho extraordinário desenvolvido pelo marketing do clube e que, infelizmente, é poucas vezes referido.

Fiz este ano uma pós-graduação em gestão de marketing e quanto mais olho para o marketing do clube mais me convenço que o trabalho que tem sido feito a nível emocional e de aproximação dos sportinguistas ao clube é absolutamente notável.

Exemplos como a série ‘Um dia com’, em que uma equipa de reportagem acompanha o dia a dia dos atletas do clube, criam uma sensação de proximidade que antes não existia. Agora, depois de cada um dos episódios, sentimos que conhecemos aquele atleta para lá das suas características desportivas.

À falta de melhor palavra, o Sporting tem conseguido humanizar os seus atletas perante os adeptos e, com isso, acaba por humanizar-se também. Quando estamos do lado de cá do ecrã a ver interações naturais entre jogadores na academia, a ver as aulas de português de Hjulmand, as piadinhas de miúdo de Quaresma e as questões de moda de Trincão, acabamos por sentir que, de certa forma, também fazemos parte de tudo aquilo. E isso tira-nos do papel de meros espectadores e faz-nos sentir parte ativa do clube que amamos.

Mas este não é o único bom exemplo do marketing do clube. Os exemplos, aliás, são variados: desde o lançamento do terceiro equipamento da época 2023/2024 em parceria com a marca CR7 (que bateu recordes de vendas), até à forma como comunica com os sócios por e-mail e SMS — alguém escrevia, com bastante graça, no dia a seguir ao apagão ibérico, que o Sporting comunicava melhor com os sócios do que a Proteção Civil com os cidadãos.

Então sim, esta equipa de marketing e esta estratégia são mesmo para manter. Porque têm funcionado extraordinariamente bem e porque, juntamente com o trabalho da Direção, conseguiram transformar o clube naquilo que há meia dúzia de anos ninguém acreditaria possível. O Sporting é hoje um clube de espírito ganhador e de união entre sócios e Direção. Um clube que segue junto, porque onde vai um vão todos, e que, como diz a música, vai conseguindo passar este amor de geração em geração.

E sim, eu sei que é capaz de ser pedir de mais que as coisas se mantenham assim. Mas como pedir não custa, aqui fica o meu apelo. Porque este é, sem dúvida, o rumo certo.

E a próxima época está mesmo aí a começar!

No pódio

Diogo Ribeiro, nadador do Benfica, volta a fazer história com dois ouros e uma prata no Europeu sub-23 de Samorin, na Eslováquia. E apesar de já quase tudo ter sido dito sobre o miúdo de Coimbra, nunca é de mais realçar o seu papel na valorização da natação portuguesa. Uma nota ainda para Francisca Martins, nadadora do FOCA, que conquistou a prata nos 400m livres.

Na bancada

No passado sábado, o jogo entre Chelsea e Benfica para o Mundial de Clubes foi suspenso por quase duas horas devido a um alerta de tempestade elétrica ou, dito de outra forma, o jogo foi interrompido porque houve um relâmpago algures num raio de 13 km a contar do local do jogo. A regra de segurança nos EUA, altamente conservadora, é clara: por cada relâmpago avistado dentro da área considerada crítica, as atividades desportivas ao ar livre são interrompidas durante trinta minutos. Esta foi a sexta suspensão de jogos causada por alertas meteorológicos durante este Mundial. E isto leva-nos a questionar se os EUA são, efetivamente, uma escolha acertada para acolher este tipo de eventos.

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