Pedro Gonçalves: a alcunha de Pote, os “picanços” com os adversários e não só

Fora do futebol é tratado por Pedro, no futebol tem a alcunha de Pote. “Potinho”, como é tratado na família: “Quando era mais pequenino era mais cheiinho, também meti na camisola do Vidago, então todos começaram a chamar-me Potinho.”
Futebol fazia sonhar? “Sim, sempre me imaginei a jogar. Era muito desconcentrado na escola, nunca pensei em ser professor ou médico. Falava baixinho, levava raspanetes das professoras, desconcentrava-me a mim e aos colegas. Fazia cábulas. Era um aluno que estudava muito pouco mas era inteligente nas cábulas. Ia às papelarias e minimizava os textos grandes… Metia no bolso ou por baixo das pernas. Descobriram uma vez, fui à professora, levei recado para os pais. Cheguei a jogar não federado andebol e atletismo. A minha mãe trabalhava no clube, mas a minha casa também era dentro do estádio. Tinha casa para os roupeiros, o meu padrasto e a minha mãe. Ia bater umas bolas com os guarda-redes. Diziam que era atrevido por entrar no treino, eram pessoas muito mais velhas, eu tinha 8/9 anos e a jogar com homens de 30, 30 e tal. Ficava muito contente de partilhar aqueles momentos. Ficava a jogar até às tantas e o presidente ligar para o meu pai a dizer que depois tínhamos de pagar a luz. Era eu que andava lá, com chuva, sol… o meu irmão muitas vezes ia para a baliza, até fui eu que o tornei guarda-redes. Era apenas diversão e jogar futebol.”
Marcou sete golos ao irmão? “Ele quis ser guarda-redes do Vidago, eu era do Chaves e defrontámo-nos. Quando estou a jogar nem sei quem está do outro lado. Só tento fazer o melhor, foi como na altura. Nem sabia que era ele, só estava focado na minha tarefa. Mal acabou o jogo começou a dar-me pontapés. Sou um bocado resmungão, é a minha personalidade. Por vezes sei que sou demasiado.”
Resmunga com o quê? “Um bocado a mania da superioridade. Acho que todos devem ser iguais e por vezes sinto que há pessoas que se sentem mais do que as outras.”
Gosta de picar os adversários? “Sim, sou um bocado. É um jogo à parte do jogo. Sinto que me fecho muito, fico muito stressado. Sou ansioso antes do jogo. É uma maneira de tentar libertar-me e tirar os pensamentos de que as coisas não vão correr bem. Tento picar os outros para ficarem com a mesma ansiedade do que eu e que não seja só eu a estar muito ansioso.”
O que diz? “Não és bom, falhas um passe é porque não consegues meter ali a bola, treinas tantas vezes… coisas que saem no momento.”
Sabe em quem tem mais efeito? “Não, não. É do momento, se tiver de disparar para os 11 disparo para os 11.”
O que lhe dizem? “Já sabem como sou. Depende dos dias. Há dias em que estou mais chateado e levo a mal, outras vezes está a correr bem e torna-me mais forte, é sorrir e não levar a sério.”
Em criança metia-se em sarilhos? “Não, sempre fui tranquilo e envergonhado.”
Sonhos pareciam possíveis apesar de longe? “Pareciam. A partir de uma certa idade achei sempre que não ia conseguir chegar a um clube como o Sporting. Sempre tentei fazer boa carreira em equipas de I Liga, mas nunca pensei ser campeão nacional e chegar à Seleção Nacional, mas sempre tive as pessoas certas do meu lado, que me aconselharam da melhor maneira e sempre tomei as melhores decisões, fico grato pelas pessoas que estiveram do meu lado.”