Villas-Boas arrasa Varandas e Rui Costa: “É altura do presidente da FPF dar um murro na mesa”

Como é que tem visto esta guerra aberta entre o Benfica e o Sporting? “Eu acho que sobretudo chegou a altura de o presidente da Federação Portuguesa de Futebol dar um murro na mesa, porque estamos perante grandes suspeições levantadas relativamente ao que me parecem casos de corrupção passiva e ativa. As frases do presidente do Benfica, que não sei a quem as dirige, são graves e levantam várias suspeitas sobre o futebol português. Eu não tenho feito outra coisa que senão avisar tanto o presidente da Liga e o presidente da Federação Portuguesa de Futebol e ex-presidente da Liga de que o facto de eles não terem condenado publicamente os atos de corrupção ativa provados em sede de justiça, que achavam um ato lamentável, poderia levar à continuação de atos de suspeição à volta do futebol português. Portanto, todo este clima não revela nada de bom, a continuação das declarações de ataque ao árbitro e ao Conselho de Arbitragem por parte do presidente do Sporting também é lamentável em toda a linha, portanto espera-se que o Conselho de Disciplina tenha uma mão severa relativamente ao posicionamento do presidente do Sporting, que continua a atacar árbitros, um em particular, que curiosamente errou em infelicidade a favor da sua equipa e tem errado várias vezes a favor da sua equipa. O seu ataque pessoal continuou ontem, tivemos um presidente interino da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol que tomou um posicionamento a favor das declarações do presidente do Sporting anteriormente, que é agora candidato, portanto, não se demarcando e não protegendo a sua classe também, portanto toda esta liberdade que o presidente do Sporting tem em coagir árbitros, em condená-los publicamente, tem de ser severamente punida. Estou um pouco desapontado com a forma inerte do Conselho de Disciplina, a forma impávida e serena como a Federação Portuguesa de Futebol assiste a todo este carnaval, eu gostei muito das declarações ontem do Secretário de Estado Pedro Dias, que tenta trazer um pouco de calma ao futebol português, a realidade é que eu já fiz uma intervenção em sede da Cidade do Futebol, da Federação Portuguesa de Futebol, de que o futebol português está podre, as instituições não estão colaborantes, os grandes não estão sentados à mesa, há um choque evidente entre presidente da Liga e presidente da Federação, como ontem ficou bem provado, portanto todos estes discursos de unir o futebol de almoços e almocinhos e congressos que optam por apontar a um sentido de união do futebol português, posso garantir-vos que não é o caso. Isso é por demais evidente e penso que está na altura do presidente da Federação Portuguesa de Futebol dar um murro na mesa relativamente às situações que se estão a passar, às declarações que estão a ser feitas por Presidentes das duas grandes instituições, que não podem passar impunes e sem um castigo severo, na minha opinião.”
Como é que se vai tentar resolver os vários problemas do futebol português neste clima de crispação máxima e como é que se prepara, por exemplo, entendimentos sobre a centralização dos direitos da transmissão televisiva? “Bom, tudo temas muito sensíveis, onde cada um vai prevaricando os seus interesses, eu acho que não é por mais evidente, e eu já tive a oportunidade de dizer isso, o mais normal é que todos os clubes perderem valor relativamente ao que ganham em receitas de audiovisuais. A centralização poderá trazer valorização, principalmente aos clubes mais pequenos, mas os mesmos também têm que ter um enquadramento específico do que é o futebol português, onde os três grandes dominam 90% a 95% do mercado. Portanto, nós temos um posicionamento muito específico relativamente aos adeptos dos clubes, sendo a respeito pelos demais clubes, demais instituições e demais adeptos, mas a realidade é que os três grandes dominam, dessa forma, o panorama nacional. Evidentemente não querem perder dinheiro, podem contribuir de outra forma para os outros clubes, seja com o dinheiro conseguido através das receitas da UEFA, seja de outras maneiras de valorização do produto. Agora, parece-me evidente que o futebol português não pode sobreviver com jogos que têm 500 a 600 pessoas a assistir e com jogos onde se jogam em estádios a 100km da sede fundamental do seu clube de futebol. Há várias discussões a ter à mesa. Ontem defendi a redução do número de clubes da I Liga e a remoção da Taça da Liga, porque deixou, penso eu, de ter interesse. Penso que também é um bom teste para os clubes pequenos. Portanto, de certa forma, o Paulo Lopo , presidente do Estrela da Amadora, posicionou-se relativamente a ter a Taça da Liga para os clubes pequenos. Será uma excelente oportunidade para eles, para vermos o que é que vale uma organização de uma Taça da Liga com os clubes pequenos, em termos de receitas audiovisuais. Portanto, também lanço esse desafio para vermos qual é o valor do seu produto, que possibilidades é que tem e que receitas podemos atingir. Agora, sobre o posicionamento do futebol português e o seu bem-estar, eu acho que em primeiro lugar cabe ao presidente da Federação Portuguesa de Futebol uma mão severa sobre o que está a passar. Uma palavra. Uma palavra que é pública e não escrita ou escondida. Estas declarações de união e almoços na Federação Portuguesa de Futebol não levam a um lado nenhum. Ontem ficámos num ninho relativamente tudo. Portanto, vão-se passar mais 90 dias até a Liga Portugal trazer estudos relativamente ao que é que pode valer o futebol português. Portanto, vamos ganhar mais 90 dias no calendário para se decidir o que se vai decidir. Sei que é um espaço complicado e acho que os clubes portugueses não têm que pedir ajuda ao Governo, devem ter autoridade profissional e moral e ética de desenvolverem os seus próprios problemas. O problema é que estamos num total desacordo de ideias relativamente a vários temas. E nesta fase, entre os três grandes, vive-se este calendário de crispação evidente, não só por determinado tipo de posicionamentos, por sobrançaria, por hipocrisia de alguns”.