FC Porto

Sandra Madureira diz o que não deve em tribunal e a juíza não perdoou

A quinta sessão do julgamento da Operação Pretoriano, que decorre no Tribunal de São João Novo, no Porto, trouxe a público novas revelações sobre os acontecimentos que marcaram a conturbada Assembleia Geral do FC Porto de 13 de novembro de 2023.

Desta vez foi José Saldanha, agente da PSP, quem prestou depoimento, revelando mensagens de WhatsApp trocadas entre os arguidos e descrevendo comportamentos considerados intimidatórios e organizados.

Segundo o testemunho, várias mensagens partilhadas em grupos de WhatsApp demonstram uma alegada preparação para condicionar o ambiente na AG. Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, escreveu: «Passem à frente na fila», ao passo que a mulher, Sandra Madureira, acrescentou: «Não é para deixar ninguém filmar.» Já Carlos Nunes (conhecido por “Jamaica”) escreveu: «Merecem levar na boca, esses ingratos.»

As mensagens após a AG revelam também um tom de continuidade e ameaça. Sandra Madureira escreveu: «Temos de voltar, mas com mais cabeça. Se tiver que ser igual, que seja.» Já Fernando Madureira enviou uma mensagem agressiva a uma alegada associada dos Super Dragões: «Vais começar a pedir bilhetes ao Villas-Boas, próxima vez que te vir num jogo vais pelos cabelos.» Em outro grupo, terá escrito: «Se aparecerem no nosso meio vão levar no focinho.»

Saldanha relatou ainda episódios específicos que ocorreram durante a AG. Sandra Madureira terá discutido com um adepto que estava a filmar, chegando a mexer-lhe no telemóvel e a envolver-se em mais confrontos na bancada. Um dos momentos mencionados envolveu também Vítor Aleixo (pai), que terá agredido um adepto com um “cachaço”.

Outro dos pontos críticos do depoimento prendeu-se com o alegado assalto ao bar do pavilhão, onde vários arguidos terão descido as bancadas em direcção às instalações encerradas, recolhendo e atirando garrafas. Segundo José Saldanha, Vítor Aleixo (filho) atirou garrafas de água, enquanto Hugo Carneiro (Polaco), José Dias e Carlos Nunes também foram identificados com objectos nas mãos.

O agente descreveu ainda a entrada forçada de indivíduos no pavilhão, alegadamente facilitada por Hugo Carneiro, que abriu uma porta deliberadamente, permitindo o acesso descontrolado de dezenas de pessoas.

Também os jornalistas presentes foram alvo de ameaças. Em gravações analisadas, é possível ouvir Vítor Catão a ameaçar equipas de reportagem da CMTV e da SIC, além de gritar contra jornalistas junto à cancela de entrada. As imagens foram captadas por Carlos Nunes e encontradas no seu telemóvel.

A sessão terminou com um momento de tensão, quando Sandra Madureira, em tom audível, comentou: «Nunca vi isto!» — levando a juíza Ana Dias a intervir: «Tem alguma coisa a dizer ao tribunal, senhora Sandra?» Ao que a antiga vice-presidente dos Super Dragões respondeu: «Não, senhora juíza.»

O julgamento prossegue nos próximos dias, mantendo o foco nas alegações de organização violenta e tentativa de controlo de momentos-chave da vida interna do FC Porto.

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