Sporting

Soltou-se um Geny(o) com bons argumentos num leão que não tem pena de continuar a reinar a crónica do Sporting-Rio Ave

147. Foi com esse número de equipas que a Taça de Portugal arrancou há precisamente 208 dias. Desde então decorreram seis eliminatória e, pelo caminho, ficaram 143 emblemas de todas as divisões nacionais. Agora, com a final do Jamor — ou de outro local, dado que, como chegou à orla mediática nas últimas semanas, o Estádio Nacional poderá não ter condições para receber um hipotético dérbi — a 52 dias de distância, sobravam quatro equipas, três delas da Primeira Liga (Sporting, Rio Ave e Benfica) e uma do Campeonato de Portugal (o surpreendente Tirsense). Ao longo das próximas semanas e de cinco duelos, é por aqui que passa a decisão da competição mais democrática do calendário português.

Apesar de o Campeonato Nacional estar por estes dias em stand by, tudo começou com um confronto de Primeira Liga, entre leões e vilacondenses. Assim, o Sporting regressava aos três jogos por semana a viver a melhor fase desde a saída de Ruben Amorim para o Manchester United, com cinco vitórias consecutivas, numa altura que pode ser decisiva nas contas finais da temporada, não só pela final do Jamor no horizonte, mas também pelos dois clássicos de domingo e segunda-feira entre os quatro primeiros do Campeonato. Na antevisão ao encontro, Rui Borges negou qualquer tipo de gestão, ainda que Conrad Harder e Geny Catamo estivessem a ser apontados ao onze inicial. Certas eram ainda as ausências de Pedro Gonçalves, Hidemasa Morita, Nuno Santos, Daniel Bragança e João Simões.

“É uma eliminatória a dois jogos e o foco está apenas na vitória. Queremos ganhar e serão encontros complicados. O Rio Ave, tal como nós, quer muito estar na final da Taça de Portugal, independentemente das últimas partidas. A motivação do outro lado estará em alta e vão agarrar-se a tudo para atingirem os objetivos. O adversário não pode estar mais motivado que nós. Nada vai ficar resolvido neste jogo. Nós queremos estar na final e, para isso, há que ultrapassar o Rio Ave. Jamais poderemos facilitar ou gerir o que quer que seja. Pode existir uma ou outra mudança, mas nunca em termos de gestão. Vamos encarar este jogo de forma muito séria. Estar na final da Taça tem sempre um significado diferente. Não se consegue explicar, mas toda a gente olha para a Taça de forma muito especial e eu também nunca fugi a isso”, assumiu o treinador leonino.

Do outro lado estava um Rio Ave a viver um cenário bem mais complicado, colecionando três derrotas consecutivas e apenas três triunfos nos últimos 11 encontros. Por um lado, Petit tinha menos espaço e opções para gerir a equipa, mas por outro contava com o regresso de Clayton Silva após cumprir suspensão. “Não há maior motivação do que estar na meia-final da Taça de Portugal e chegar à final no Jamor. Não há cansaço. Quem nos dera estar sempre a jogar de três em três dias, era sinal de que estávamos em várias competições. Sabemos aquilo que vamos ter de meter: agressividade, intensidade e atividade. Temos que aproveitar espaços para ferir o Sporting. Preparámo-nos durante estes dias para inverter os ciclos de três jogos sem vencer no Campeonato. Queremos muito, mas mesmo muito, chegar à final do Jamor e acredito que os adeptos também”, revelou o antigo internacional português.

Com os dados lançados, Borges promoveu quatro alterações no onze inicial do conjunto verde e branco, mexendo em todos os setores — exceto a baliza. Assim, Jeremiah St. Juste voltou às opções iniciais e rendeu Gonçalo Inácio na defesa, com Maxi Araújo a regressar à ala esquerda, por troca com Matheus Reis. No miolo, Morten Hjulmand voltou a alinhar ao lado de Zeno Debast, com Eduardo Felicíssimo a ser relegado para o banco e, no ataque, Geny Catamo atuou no lugar que pertence a Geovany Quenda. No Rio Ave, Petit fez três mexidas: João Tomé, Brandon Aguilera e Clayton renderam Tiago Morais, João Novais e Martim Neto.

A partida começou com um ritmo baixo, com as duas equipas à procura de assumir o jogo, embora com grande ascendente para a turma da casa. A primeira grande oportunidade pertenceu mesmo ao Sporting. Na sequência de um canto de Francisco Trincão, a defesa do Rio Ave aliviou para a entrada da área e Geny Catamo, completamente sozinho, ajeitou a bola e desferiu um remate forte de pé esquerdo para o fundo da baliza de Cezary Miszta (12′). Com os vilacondenses assentes num 4x4x2 sem bola, mas a consentirem muito espaço entrelinhas, os leões continuaram por cima, aproveitando a mobilidade de Maxi e o jogo interior de Trincão e Geny.

Com o avançar do cronómetro e o intervalo a aproximar-se, os leões começaram a abrandar e foi nessa fase que o Rio Ave cresceu na partida, com André Luiz e Demir Tiknaz a assumirem as despesas do ataque. Na ocasião mais clamorosa, o extremo recebeu na direita, junto à linha lateral, conduziu para o meio e, à entrada da área, desferiu um grande remate que saiu a rasar o poste direito da baliza de Rui Silva (26′). Na resposta, Viktor Gyökeres recebeu na bola a meio-campo, driblou Omar Richards com pompa e circunstância, mas Ole Pohlmann recuperou bem e impediu o remate do avançado (34′). Pouco depois, o lateral colocou a bola em Iván Fresneda junto à sua área, o espanhol deixou para o sueco que, só com Miszta pela frente, atirou para defesa do polaco (37′). A fechar a primeira parte, Catamo sofreu falta de Aguilera dentro da área e, na cobrança, Gyökeres fez o 2-0 com muita classe, à Panenka (45+1′).

Sem novidades ao intervalo, os leões voltaram a entrar melhor na partida e, logo no primeiro minuto, Trincão teve no pé direito a hipótese de juntar o seu nome à lista de marcadores, mas o seu remate saiu por cima (46′). O Sporting continuou forte em busca do terceiro golo, mas mostrou algumas falhas na definição, perante um Rio Ave que, apesar não conseguir ter bola, continuava na luta pela eliminatória. Dentro da última meia-hora, Gyökeres ultrapassou Andreas Ndoj em drible, puxou para o pé direito e desferiu um remate violentíssimo ao poste esquerdo da baliza rioavista (62′). Já com Matheus, Felicíssimo e Quenda em campo, bem como Morais, Novais e Marious Vrousai, Geny chegou ao bis, mas o lance acabou anulado por um fora de jogo de 18 centímetros (79′).

Para a reta final, Rui Borges refrescou o ataque com Harder no lugar de Trincão e, na sua primeira jogada em campo, o dinamarquês desferiu um remate forte que saiu a centímetros do poste (80′). Pouco depois, Conrad Harder tirou um cruzamento atrasado para a zona da marca de penálti, onde Maxi Araújo apareceu a finalizar de primeira para o golo, mas Ndoj fez de guarda-redes e cortou com as pernas (84′). Apesar do ascendente leonino, a eliminatória continua em aberto e vai decidir-se no Estádio Capital do Móvel, casa emprestada do Rio Ave para o que resta da temporada, a 22 de abril.

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