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Sporting: Assim que Quenda assinou pelo Benfica, ficámos logo de olho nele

Geovany Quenda é o nome do momento no futebol europeu, com a transferência para o Chelsea a colocar o extremo do Sporting nas luzes da ribalta.

Numa viagem às raízes do craque leonino, o antigo treinador de Quenda na formação do Sporting, Fábio Roque, concedeu uma entrevista ao portal GIVEMESPORT, na qual lembrou o momento em que os leões foram buscar o jogador… ao Benfica.

«O Geo começou num pequeno clube de Lisboa [Damaiense] e assim que assinou pelo Benfica comecei a olhar para ele. Alguém do nosso departamento de olheiros disse-nos: ‘Têm de ver o Quenda!’ Ele impressionou-me logo. Era muito bom tecnicamente e agressivo nas suas movimentações com e sem bola. Era corajoso e criativo», começou por dizer.

«Depois disso, comecei a observá-lo cada vez mais. Começou a ganhar torneios de jovens contra nós, por vezes sozinho. E houve um momento engraçado em que ele ainda estava no Benfica, mas todos sabíamos que se ia juntar a nós no Sporting. E ele disse-me: ‘Não te preocupes treinador, hoje vamos ganhar-te outra vez, mas é a última vez que te vou ganhar!’ E nós rimo-nos porque sabíamos que, felizmente, ele ia ser nosso jogador em breve», continuou.

Quenda chegou ao Sporting em 2019, entrando para a equipa os juvenis dos leões quando ainda tinha 13 anos. Porém, os primeiros tempos em Alcochete não foram fáceis. Quando a pandemia da Covid-19 chegou, os jogos foram rapidamente interrompidos e quando a época recomeçou, sofreu um revés, partindo o braço pouco depois de regressar à ação.

«Ele estreou-se e logo a seguir deu-se a lesão. Não tínhamos jogado durante muito tempo devido à pandemia e, quando recomeçámos, ele partiu o braço. Foi de partir o coração. Mas devo dizer que a atitude dele durante o período de recuperação foi fantástica», disse Roque, que era treinador-adjunto dessa equipa de sub-15.

«Vai ser incrível ver Quenda e Estêvão jogarem juntos»

Sobre as qualidades do extremo, o técnico desfez-se em elogios e comparou-o a dois talentos do futebol mundial: Lamine Yamal e Estêvão: «Acho que se olharmos para os jogadores nascidos em 2007 no futebol mundial, há três que se destacam dos restantes: Estêvao, Lamine Yamal e Geo. Os três são impressionantes, e dois deles vão estar no Chelsea. Vai ser incrível ver Geo e Estêvão juntos.»

«Acho que um dos seus melhores atributos é que ele pode jogar com os dois pés. Ele é um extremo-direito canhoto, mas também se sente à vontade para trocar de lado. É fácil para ele. É excelente a proteger a bola e, claro, também sabe driblar com ela de forma brilhante» continuou Fábio Roque.

«Geo encara todos os jogos com a mesma mentalidade e paixão, quer seja na rua com os amigos ou contra o Manchester City, perante 50 mil adeptos. Ele joga sem medo. Acho que ele tem todos os atributos – físicos, tácticos e mentais – para ser um jogador de topo», afirmou, recordando um episódio especial.

«Houve um ano que jogámos contra o Benfica num jogo crucial. Tinha sido uma semana difícil, porque um dos nossos jogadores se tinha lesionado gravemente no treino e estávamos todos um pouco em baixo. Aos quinze minutos de jogo, tivemos um jogador expulso. Foi uma loucura. Ao intervalo, o jogo estava 0-0 e todos estavam cansados. O Geo viu-me a caminhar para ele e percebeu que eu estava preocupado. Por isso, encostou o braço ao meu ombro e disse: ‘Treinador, não se preocupe, vamos ganhar na mesma!’ Ele marcou na segunda parte e foi exatamente isso que aconteceu. Nesse dia, percebi que ele era especial e que não se assustava com qualquer desafio», lembrou.

«Há dois anos, estava a ensiná-lo a rematar»

Quanto à chegada de Quenda à Seleção Nacional, Roque não escondeu o orgulho e voltou a recorrer à memória para lembrar quando ensinou o extremo… a rematar: «É uma loucura para um treinador ver os jogadores crescerem e evoluírem. É apenas uma questão de tempo até o Geo se estrear por Portugal.»

«Uma vez, estava a mostrar-lhe um exercício para o encorajar a bater na bola com os atacadores. Tratava-se de criar força, com um voo retilíneo da bola em ângulos difíceis para o guarda-redes defender, em vez de apenas rematar para o canto superior. Durante o exercício, marquei um golo fantástico. Foi provavelmente o golo da minha vida. O Geo olhou para mim incrédulo, tipo: ‘Mas que raio?!’ Agora, brilha no Sporting e, esperemos, na Seleção Nacional em breve, mas há apenas dois anos eu estava a mostrar-lhe como rematar a bola com os atacadores», recordou.

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