Sporting fala em falta de rigor do CD: “Benfica e César Boaventura teriam tido acesso a documentos confidenciais…”

O Sporting considerou esta terça-feira que as recentes decisões do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) “colocam em causa a integridade das competições e a credibilidade da justiça desportiva”.
Na sequência da final da Taça de Portugal, Matheus Reis foi suspenso por cinco jogos, por um pisão a Belotti e por excessos nos festejos após o triunfo, razão que levou a que Geovany Quenda fosse também punido com um jogo.
Antes, Quenda e Zeno Debast já tinham sido punidos, ambos com um jogo, por injúrias e ofensas à reputação, por factos ocorridos na receção ao Vitória de Guimarães (2-0), em 17 de maio, para a 34.ª e última jornada da edição 2024/25 da I Liga, que permitiu aos ‘leões’ revalidarem o título de campeão nacional.
Em comunicado, os leões reagiram esta terça-feira aos castigos e a outras recentes decisões do órgão disciplinar da FPF e consideraram que estas “colocam em causa a integridade das competições e a credibilidade da justiça desportiva”, garantindo ser “um clube que defende a independência das instituições que tutelam o futebol”.
“Essa independência é essencial para que essas entidades atuem de forma objetiva, credível e equitativa, permitindo que, dentro das quatro linhas, os clubes possam competir em igualdade de circunstâncias – sendo a única desigualdade aquela que resulta do mérito desportivo”, considera o clube.
O clube campeão português de futebol pede mais celeridade e lembra o caso de Conrad Harder, que foi suspenso por um jogo, mas a decisão do recurso surgiu já depois de o dinamarquês ter cumprido o castigo, “uma decisão inútil no tempo, que retira qualquer efeito útil ao direito de defesa”.
O Sporting quer também igualdade e considera que os castigos a Harder, que gritou ‘yeah’ a um adversário, a Esgaio, Quenda e Debast, por uma provocação a adversários, deviam ter tido um castigo idêntico ao do benfiquista António Silva, que gritou ‘chupa’ no balneário após o encontro com o FC Porto e foi apenas punido com uma multa de 408 euros, ao contrário dos leões, suspensos por um jogo.
Num longo comunicado, o Sporting fala em isenção, lembrando os 51 dias de castigo ao presidente Frederico Varandas, que apenas foi notificado no dia seguinte à decisão, com o castigo a terminar apenas no dia da final da Taça de Portugal, impedindo que pudesse aceder à zona técnica Estádio Nacional, em Oeiras.
Os leões lembram ainda que Varandas apenas fez “declarações públicas de apoio à equipa e respeito pelo adversário” durante o seu castigo e teve dois processos disciplinares, enquanto o presidente do Benfica, Rui Costa, que “confrontou e dirigiu várias acusações contra o presidente da FPF na tribuna do Jamor”, e o líder do FC Porto, André Villas-Boas, que “acusou publicamente o presidente do Sporting de ‘coagir árbitros’”, não tiveram qualquer procedimento disciplinar.
“Coerência. No caso Conrad Harder, o Conselho de Disciplina defendeu a teoria da ‘field of play’ para validar a decisão da equipa de arbitragem. No caso Matheus Reis, essa mesma teoria foi distorcida, afastando-se o entendimento anteriormente assumido pelo órgão relativamente à valoração das decisões do VAR para punir o jogador com uma suspensão de quatro jogos”, lê-se.
Por fim, o Sporting diz que houve falta de rigor do CD da FPF, que, no processo contra Matheus Reis, na sequência de uma participação disciplinar apresentada pelo Benfica e por César Boaventura, “juntou aos autos os contratos referentes à contratação dos jogadores Matheus Reis, Viktor Gyökeres, Morten Hjulmand e Geovany Quenda, incluindo os respetivos contratos de transferência, contratos de trabalho e contratos de intermediação com agentes de futebol”.
“Não fosse a pronta intervenção da Sporting SAD no sentido de os documentos serem imediatamente desentranhados dos autos, o Benfica e César Boaventura teriam tido – presumindo que não tiveram – acesso a documentos confidenciais com segredos comerciais do Sporting e dados pessoais dos jogadores devido à decisão do Conselho de Disciplina da FPF de juntar aos autos elementos totalmente irrelevantes e desconexos com o objeto do processo disciplinar. Pergunta-se: a que propósito se expõem contratos confidenciais num processo disciplinar com base num vídeo?”, questionam os leões.