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Sporting: humildade de Rui Borges como base do sucesso

Aos 43 anos, Rui Borges alcançou o pico da sua ainda curta carreira de treinador, que tem sido construída a pulso depois de modesto percurso como jogador, um médio com mais de 200 jogos e menos de 30 golos, que chegou a partilhar balneários com os internacionais Eduardo, Edinho (SC Braga B, 2002/2003), Pizzi (Bragança, 2006/2007), Fábio Paim (Trofense, 2007/2008) e Zaidu (Mirandela, 2016/2017).

Foi no Mirandela, clube da terra de onde é natural que Rui Borges começou a dar orientações a partir do banco, mas os sinais de que viria a ser treinador há muito tinham sido dados. «Desde o tempo de jogador que se percebeu logo que ele tinha qualidade para ser treinador, era isto que ele ambicionava. Foi aqui no Mirandela que ele começou», conta o presidente do clube, Carlos Correia, a A BOLA.

Sem esconder o orgulho que sente, o dirigente não poupa elogios ao treinador: «Rui Borges é o homem do momento. Vai ser campeão e vencer a Taça, embora me custe porque sou benfiquista [risos], mas é por uma boa causa. O momento que ele está a viver é todo mérito dele, merece porque é um bom líder, desde o tempo de jogador, como capitão da equipa.»

E continuou a enumerar características de Rui Borges. «É humilde e consegue criar um bom grupo no balneário. É daí que vem o sucesso no Sporting, porque quando ele chegou a Alvalade o balneário estava todo desfeito e nisso ele tem mérito, porque conseguiu unir o grupo. E isso é meio caminho andado para o sucesso», sublinha Carlos Correia.

Foi em 2017/2018 que Rui Borges se estreou como treinador e o Mirandela viveu os seus melhores tempos recentes, andando perto da subida à 2.ª Divisão, seguiram-se Académico de Viseu, Nacional, Vilafranquense, Mafra, Moreirense e V. Guimarães antes de chegar ao Sporting, fazendo sempre bons resultados, desde o Campeonato de Portugal ao topo da Liga, em apenas oito anos.

Um dia depois do Natal de 2024 assumiu as rédeas de um Sporting a cambalear, depois da saída de Ruben Amorim para o Man. United e uma substituição falhada por João Pereira. Estreou-se com uma vitória sobre o Benfica (1-0) e, jornada após jornada, tem colecionado algumas marcas: está invicto nas provas domésticas, é o único treinador em Portugal que ainda não perdeu em casa no corrente ano civil, pode igualar registo de outros históricos que foram campeões sem derrotas e já tem o segundo melhor registo ofensivo do Sporting do século. «Ele merece tudo o que lhe está a acontecer. Assim como os três adjuntos que o acompanham, que também passaram aqui pelo Mirandela, o Ricardo Chaves, o Zé Pedro e o Morato.»

«ESTÁ TRANQUILO. NÃO TREME»

Carlos Correia confidencia a A BOLA que na última conversa com Rui Borges o treinador mostrou-se sereno para enfrentar o último jogo da Liga, que pode valer a consagração do Sporting como campeão. «É uma pessoa muito positiva, ele acredita sempre na vitória. Falei com ele há dias, está tranquilo. Aliás, ele é uma pessoa muito tranquila. Às vezes tínhamos conversas no balneário ou no meu gabinete, quando íamos jogar fora, e ele mostrava-se sempre confiante, mesmo que o jogo fosse difícil. Não treme, é transmontano de gema, está pronto para a luta», finaliza.

HOMEM DEVOTO COM UMA ESTRELINHA

Rui Borges é confesso devoto a Nossa Senhora de Fátima e tem na família o grande pilar, com forte ligação às suas raízes, em Mirandela, aos pais, Cândida e Manuel Borges, e ao avô Zé Pedro, que não já está entre nós.

«O avô era sapateiro, o Rui tinha uma relação muito forte com ele. Quando vinha a Mirandela a primeira coisa que fazia era ir visitar o avô, que agora é uma estrelinha que o guia, tal como já disse aos jornalistas», conta-nos Carlos Correia.

A dimensão humana é uma das características enumeradas por quem o conhece bem. Gosta de visitar antigos colegas, presidentes e jogadores. «Isso é sinal da humildade que o caracteriza. Não há vez nenhuma que não venha a Mirandela que não venha aqui ao clube fazer uma visita ou até sentar-se na bancada a ver um jogo», salienta o presidente do clube mirandelense, que já comunicou ao treinador que vai ser alvo de homenagem no próximo dia 10 de junho, aquando das festividades alusivas aos 99 anos do emblema de Trás-os-Montes.

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