Treinador foi responsável para Esgaio não ter saído do Sporting

Puxar a fita atrás e lembrar 2012/2013 não traz boas recordações aos adeptos leoninos. Verdadeiro pesadelo. Quatro treinadores, dois presidentes, 7.º lugar, um dos períodos mais instáveis da história dos leões. Falava-se em falência e num futuro sombrio. Mas foi perante este cenário, a 18 de dezembro de 2012, numa partida com o Marítimo (2-2) para a Taça da Liga, que se estreou um dos jovens promissores da formação aos 19 anos: Ricardo Esgaio.
«Só tenho coisas positivas a dizer de Ricardo Esgaio. Não estava completamente preparado naquele momento, mas tinha um potencial muito elevado. Mentalmente era um jogador tranquilo e inteligente. Não fazia muito barulho, gostava de estar mais na sombra. Acompanhava a comunicação do treinador e conseguia trazer a mensagem para o campo. Era muito flexível e conseguia adaptar-se às necessidades da equipa jogando em várias posições», lembra a A BOLA Franky Vercauteren, treinador que foi o responsável pelo lançamento de Esgaio.
«A longevidade dele? Não me surpreende. É um verdadeiro jogador de equipa e mesmo perante a concorrência continua a sobreviver. E mesmo estando distante, se jogas muito tempo numa equipa significa que o mereces», reforça o técnico belga.
Desde então, passaram mais de 12 anos. E Esgaio viveu de tudo. Passou de extremo goleador na formação para lateral, central numa linha de três, ala-direito, foi de Alvalade para Braga e de Braga para Alvalade. Contas feitas, 16 épocas nos leões, 186 jogos e muitas vidas de um quase sempre um mal amado das bancadas, mas profissional de mão cheia para todos os treinadores. Já esteve na porta de saída em diversas ocasiões, mas resistiu e foi terminando, época após época, com números positivos de utilização. A época 2024/2025 é (apenas) mais um exemplo daquele que é por esta altura a maior referência do plantel aos 31 anos. Do fim da linha até ao estatuto de titular bastaram alguns jogos. E a resposta com o Estoril (3-1), sendo coroado, curiosamente pelos adeptos, como o MVP da partida, prova o bom momento.
Rui Borges teve palavra decisiva
Pois bem, interessa, então, olhar para as razões de mais esta prova de confiança. Dada, ao que A BOLA apurou, pelo próprio Rui Borges. Que foi decisivo para a permanência do defesa em janeiro, pois chegou a ter as malas feitas para rumar ao campeonato turco.
Porém, a indefinição do leão no mercado em busca de uma alternativa para a lateral direita — goradas as contratações de Alberto e Andrés Garcia — foram adiando a iminente saída. E foi mesmo nos últimos dias de mercado que o futuro ficou definido. Numa conversa com Rui Borges, que apelou à continuidade. Não só pela importância em termos desportivos (Fresneda era a única opção de raiz) mas também de balneário, pois num grupo com poucas referências, Esgaio poderia ter ainda um papel importante esta época.
Esgaio voltou a resistir e ficou. Com papel ativo, pois foi utilizado nos últimos quatro jogos, três deles como titular e… totalista (Dortmund, Gil Vicente e Estoril). E olhando para os problemas de lesões e castigos, Esgaio promete continuar a ser solução. Até quando? Lembrar que tem contrato até 2026 e fazer uma previsão, olhando para o histórico de Esgaio, será uma missão quase impossível…