Um jogo de loucos ganho por quem teve mais cabeça

Um pormenor, uma bola parada, uma história de jogo que muda num ápice. Ao contrário do que acontecera no jogo 1 da meia-final, em que o Sporting foi superior durante grande parte da partida antes de uma reação tardia do FC Porto, o jogo 2, no Dragão Arena, pautou-se pelo equilíbrio e foi apenas decidido por uma bola parada a dois minutos do fim por Gonçalo Alves, carimbando um atípico 1-0 para os azuis e brancos que voltou a empatar a eliminatória. Agora, de novo no Pavilhão João Rocha, surgia aquele que poderia ser o jogo chave do playoff, com os leões a receberem os dragões tentando preservar o “fator casa” nas meias.
“É sempre bom voltar porque um jogador gosta de jogar e de competir. São sempre tempos difíceis para quem está lesionado e passa bastante tempo sozinho, fora do âmbito da equipa, por isso é ótimo estar de volta e ainda para mais com uma vitória. Estamos numa meia-final do playoff e sabemos que os jogos vão ser todos competitivos. No último tivemos um ligeiro ascendente sobre o Sporting e esperamos conseguir mais uma vitória para fecharmos a eliminatória no Dragão Arena. Fator casa? É bastante importante no playoff, como a história demonstra, mas isso coloca mais pressão sobre a equipa da casa e nós sabemos que passar à final temos que vencer um jogo no Pavilhão João Rocha”, referira Telmo Pinto, internacional português de 32 anos que regressava também ao reduto verde e branco onde jogou dois anos.
Depois de duas derrotas no João Rocha para o Campeonato, a que se juntava o empate a três no fim da fase regular no Dragão Arena, o FC Porto chegava motivado pelo primeiro triunfo no quarto clássico da época. No entanto, não houve duas sem três e voltou a imperar o “fator casa” no clássico para deixar a formação de Edo Bosch a apenas um triunfo da final, com o jogo 4 marcado para o próximo sábado no Dragão Arena.
A primeira parte mostrou que este seria um encontro diametralmente oposto aos dois primeiros. Após uma saída rápida com recuperação e assistência de Rafa Bessa, Alessandro Verona inaugurou o marcador (3′), os jogadores ficaram de seguida “picados” num momento de maior tensão que foi sanado e numa jogada de 3×2 Hélder Nunes assistiu Edu Mena para o empate logo no minuto seguinte (4′). Ao contrário do jogo 1, o FC Porto não demorou a reagir, antes de um lance em que João Souto e Carlo Di Benedetto viram cartão azul e voltaram a deixar os ânimos mais exaltados (7′), mas o Sporting tinha guardados dez minutos de gala a ler bem a subida de linhas de pressão dos dragões, com Henrique Magalhães (14′), Toni Pérez (18′) e Rafa Bessa (23′) a colocarem o resultado em 4-1 quando nada apontava nesse sentido. Rafa reduziu antes do intervalo (24′) mas os leões saíam em vantagem entre 25 minutos com mais golos do que os jogos 1 e 2 juntos.
Esse lance do internacional português teve o condão de dar outro ânimo ao FC Porto para o segundo tempo, com o conjunto de Ricardo Ares apostado em encurtar ainda mais distâncias logo a abrir para manter tudo em aberto no encontro. A aposta era essa, a aposta foi ganhar: num lance confuso em que Ângelo Girão caiu em cima da bola, Rafa bisou e fez o 4-3 (29′). O encontro estava vivo, Xavi Malián e Girão brilhavam nas duas balizas perante as várias oportunidades criadas entre os momentos em que as equipas se partiam, mas o golo seguinte acabou mesmo por cair para os leões, com Nolito Romero a isolar Roc Pujadas para o 5-3 (42′). A vantagem era leonina em toda a linha, com Romero a aumentar o avanço num míssil de meia distância sem hipóteses para Xavi Malián (46′) antes do 6-4 de Di Benedetto (48′) e do 7-4 final de Romero (50′).