
O candidato presidencial Luís Marques Mendes deu, esta quarta-feira, uma entrevista na qual garantiu a sua proximidade às pessoas no caso de ser eleito Presidente da República, assim como promete continuar a construir “pontes” entre partidos. Para além destas ‘promessas’, características de toda a sua vida, Marques Mendes disse ainda que também haverá espaço para ‘selfies’, mas mais “contenção” nas palavras.
“Portugueses devem votar em mim por, sobretudo, duas razões – haverá mais: Experiência e independência”, começou por defender em entrevista à SIC Notícias, quando questionado sobre os motivos pelos quais os eleitores deveriam votar em si.
Defendendo que o cargo de Presidente da República é “o cargo mais político que há em Portugal”, Marques Mendes sublinhou que este deve ser por isso exercido por quem tem maior experiência política. “Acho que é manifesto que tenho uma grande experiência política. As pessoas podem concordar ou discordar de mim, mas tenho experiência de conhecer o país, experiência autárquica, parlamentar, de Governo. Tenho experiência de fazer pontes entre os partidos. Passei uma vida inteira a fazer entendimentos entre vários partidos em várias matérias”, explicou.
Confrontando sobre ser visto como o candidato ‘do’ Partido Social Democrata (PSD), apesar de ter entregado o seu cartão de militante no dia da apresentação a Belém, Marques Mendes foi assertivo: “A independência não se proclama. A independência pratica-se. Aqui, durante 12 anos a fazer comentário político, acho que ficou clara a minha isenção, imparcialidade e independência. Em várias matérias, quando entendia elogiar, elogiava. Quando entendia criticar, criticava. Incluindo o meu partido e governos do meu próprio partido”.
O candidato exemplificou ainda com as palavras do antigo presidente do PSD, e atual mandatário por Henrique Gouveia e Melo, que disse “nunca poderia votar” em Marques Mendes porque este o criticou várias vezes. “É verdade. Mas isso é um testemunho da independência. A independência é uma pessoa ser capaz de em todos os momentos de agir em consciência”.
Marques Mendes falou que para além da independência e experiência que tem, a sua candidatura era muito” agregadora”, e não recusou qualquer apoio. Falando do candidato Gouveia e Melo, recordou que nas primeiras sondagens, em fevereiro, quando apresentou a sua candidatura, estava a 21 pontos e que sete meses volvidos os estudos indicavam agora um empate técnico.
“Tenho a apoiar-me pessoas do CDS, do PSD, alguns governantes do governo de António Costa e independentes”, afirmou, defendendo que este pode ser um critério para fazer exatamente as pontes necessárias ao cargo.
Também houve questões relacionados com o artigo do antigo Presidente Aníbal Cavaco Silva que fez um ‘perfil’ de quem devia ocupar o cargo, mas ainda não declarou apoio a nenhum. Questionado sobre se contava com o seu apoio, Marques Mendes disse que essa decisão era algo que apenas Cavaco Silva podia tomar. No entanto, disse que “com certeza”, era um apoio que gostava de ter.
“Se vier um dia a ter o apoio dele, fico satisfeito. Se não vier, também fico confortável”, considerou.
Também o antigo chefe de Governo Pedro Passos Coelho foi ‘chamado’ à entrevista, e confrontado com sobre a mesma pergunta, respondeu que também acharia normal se este estivesse “alheio” a estas Presidenciais, dado que está fora da vida política. “Tenho grande estima e admiração por Passos Coelho. Foi primeiro-ministro no período mais difícil da democracia portuguesa, o período da troika. Com iminência de bancarrota. Com falhas, erros – toda a gente tem -, mas acho que globalmente foi um primeiro-ministro patriótico, corajoso e muito responsável. Acho que o país lhe deve muito”, apontou.
Questionado sobre outras candidaturas à Direita, nomeadamente, sobre se a de João Cotrim Figueiredo o incomodava mais do que a de André Ventura, respondeu: “Nenhuma candidatura me incomoda. Todas as candidaturas são legítimas e respeitáveis. Se torna o combate mais difícil, o combate é mais desafiante e estimulante”.
Confrontado, o candidato de centro-direita negou que alguma vez tivesse tentado obter o apoio da Iniciativa Liberal: “Não ando a negociar apoios”.
Quanto ao ‘falar’ do Presidente, razão pela qual Marcelo Rebelo de Sousa já foi criticado por Henrique Gouveia e Melo, Marques Mendes apontou que acha que as palavras têm, sim, de ser contidas.
“Um Presidente deve ser contido para que a palavra seja valorizada. Não estou a criticar ninguém, estou a dizer que esta é a minha maneira de ser. Quando fazia comentários, só falava aos domingos, apesar de durante a semana ter solicitações para comentar este e outro assunto. Acho que uma pessoa nunca deve banalizar a sua palavra. É a minha maneira de ser. Sempre fui assim, não vai ser aos 68 anos que me vou descaracterizar”, apontou, rejeitando que não era por isso que iria deixar de ser próximo das pessoas.
Já quanto às ‘selfies’, uma ‘marca’ deixada por Marcelo nestes dois mandatos, também foi questionado, nomeadamente, sobre se havia espaço para estas fotografias. “Com certeza. Mas isso não é o mais importante. Sempre fui próximo das pessoas”, reforçou, dizendo que “cada um é como é” e que este vai continuar a ser “genuíno”.
O candidato presidencial falou ainda de outras questões, relacionadas com um futuro no cargo, dizendo, nomeadamente, que a lei dos partidos “deveria ser alterada” no sentido de estes serem obrigados a ter comissões de ética, um assunto que promete vir a ser essencial caso seja Presidente.
Marques Mendes distanciou-se de Ventura, dizendo que este quer “destruir o sistema” e não “reformá-lo”, como é o seu desejo.
“Ele quer representar parte dos portugueses, eu todos. Portanto são campos diferentes, não há nada a conversar”, afirmou. Quanto a um eventual governo do Chega, Marques Mendes disse ainda “claro” que lhe dará posse: “Indigitarei o líder do Chega, se fizesse algo diferente era um golpe de Estado constitucional”.
No entanto, o candidato deixou claro que face a esta situação poderá, no entanto exigir um documento escrito de garantias constitucionais, se observar que do programa eleitoral do partido representam “medidas manifestamente contrárias à Constituição”, como, por exemplo, a pena perpétua, não prevista na Constituição.