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Varandas está a gozar o prato da arbitragem

A arbitragem de novo na baila, a aquecer o futebol português. Um clássico… antes do clássico. FC Porto e Benfica defrontam-se no Dragão, com os encarnados em efervescência. Não só devido à conjuntura eleitoral, mas, sobretudo, à pressão dos resultados, que já fez uma vítima, a do costume: o treinador.

Saiu Lage, entrou Mourinho e mantiveram-se as críticas à arbitragem. Ao compasso de um jogo do Benfica ou do Sporting sai um comunicado ou uma publicação nas redes sociais. Um fartote. Erros enumerados, critérios questionados, suspeitas levantadas… A estratégia é antiga e repetida sempre que os resultados não surgem. Há décadas que assisto a isto e, para ser sincero, considero que resulta.

Seja por vitimização, para justificar o insucesso aos próprios adeptos, seja como forma de pressão, sobre os árbitros, logicamente, as queixas têm efeito sobre os destinatários.

Tenho mais de 50 anos e acompanho o futebol há 40 e o único dado novo que descortino na atualidade é o posicionamento dos protagonistas. E é fácil perceber o porquê.

Depois de dois longos jejuns, um de 18 anos e, ato praticamente contínuo, outro de 19, o Sporting conquistou três campeonatos nas últimas cinco épocas, deixando apenas um para cada rival. Sempre na presidência de Frederico Varandas, que, não escondendo o orgulho por ser bicampeão, a que juntou a dobradinha, resolveu puxar dos galões e entrar em cena.

Aproveitando a viagem da equipa a Nápoles, saiu a terreiro e, claro, defendeu a sua dama. O Benfica acusa-o de ter influenciado o campeonato transato, depois de ter abordado o tema da arbitragem em fevereiro, numa entrevista ao canal do clube. Deve ter sido sobre estas palavras que meditou antes de enfrentar os jornalistas. ‘Se isto resulta, porquê esperar tanto tempo? É melhor já…’ Dito e feito.

Como o próprio disse, «chega a um ponto que obriga a pôr os pontos nos is.» Não foi mais do que marcar uma posição, um alerta para os rivais, um aviso de que está pronto para entrar em campo. Ele que, como fez questão de sublinhar, sabe do que fala, depois de ter sentido os problemas na pele. «Há 40 anos que esperávamos por isto, sermos o alvo a abater. E vou dar-vos uma novidade: não é que gostamos de estar nesta posição… Sentimo-nos confortáveis e estamos a pensar ficar aqui mais algum tempo.» Mais claro não podia ter sido.

Em Portugal, todos sabem que estas estratégias funcionam, que influenciam quem tem de decidir. Uma forma de pressionar, esperando dividendos. «Se quisesse usar a cartilha, o modus operandi, era muito fácil. Querem desviar atenções e o elemento escolhido é a equipa mais forte, é quem lhes mete medo.» Simples. É campeão e, enquanto é tempo, aproveita para gozar o prato…

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