
Está a um passo do epílogo a novela de verão entre Viktor Gyokeres, Sporting e Arsenal, com os leões a saírem por cima no braço de ferro. A frase de Frederico Varandas, de que o jogador não sairia de Alvalade por 60 milhões, mais 10 por objetivos, como pretendiam Gyokeres, Arsenal e o seu empresário, concretizou-se, com o negócio a fixar-se nos 63,5 milhões de euros, mais 10 em variáveis. Ou seja, no total, o negócio pode chegar aos 73,5 milhões de euros, montante muito aquém da cláusula de rescisão do avançado (100 milhões de euros), mas dentro dos valores apontados, desde a primeira hora, pelo presidente do Sporting. Aliás, nesta altura, a assinatura está presa apenas por detalhes, que têm a ver precisamente com a verba variável: dos 10 milhões, cinco são facilmente atingíveis e os outros cinco mais difíceis. Ora, Varandas pretende que os outros cinco não sejam de “pura ilusão” e sejam também de fácil acesso.
Para desbloquear o negócio, o empresário do avançado cedeu, abdicando da sua comissão de 10%. Dos dez milhões em variáveis, cinco são de fácil acesso, os outros cinco são mais difíceis de alcançar.
Para que a difícil equação chegasse a bom porto, o empresário do jogador, Hasan Cetinkaya, abdicou da sua comissão de 10 por cento, decisão que agradou sobremaneira a Frederico Varandas, sobretudo, pois esteve no epicentro da discussão com o representante do jogador. Recorde-se que Gyokeres já tinha abdicado de dois milhões de euros de salários para reforçar uma proposta anterior do Arsenal (65 milhões e mais 15 por objetivos), rejeitada na altura pelo Sporting porque teria que desembolsar, dessa verba, 10 por cento do valor fixo para o empresário do jogador. Ou seja, contas feitas, com a proposta anterior, o Sporting receberia efetivamente, de valor fixo, 58,5 milhões de euros, sendo que com a nova proposta, agora aceite, terá direito a 63,5 milhões garantidos. Deste bolo, o Sporting vai ter de retirar 4,35 milhões de euros para dar ao antigo clube de Gyokeres, o Coventry City, que conservou o direito a 10% de uma futura mais-valia – tendo o sueco custado 20 milhões de euros inicialmente (com variáveis o custo chegou aos 24 milhões), a mais-valia é de 43,5 milhões de euros.
“Uma coisa que já deviam era conhecer-me melhor. Ameaças, chantagem e ofensas comigo não funcionam. Posso garantir que o Viktor Gyokeres não sai por 60 milhões e mais 10 milhões em variáveis porque nunca o prometi. Este jogo que o empresário está a fazer só piora a situação.”
Viktor Gyokeres, de resto, também manteve a sua palavra, foi para férias e não voltou a Alcochete na data estipulada para o regresso aos trabalhos, não tendo acompanhado o plantel na deslocação ao Algarve, no passado sábado, para a segunda fase do estágio de pré-temporada. O avançado já tem acordo com os gunners há algum tempo e esperava apenas o entendimento do Arsenal com o Sporting para se despedir do clube onde apontou 97 golos em duas épocas, sendo o jogador mais decisivo da equipa leonina. Gyokeres deve assinar por quatro ou cinco temporadas e vai auferir um salário de 8,3 milhões de euros limpos por cada época. O jogador nunca escondeu o sonho de jogar na Premier League, e falou até em “vingança”, pois só tinha atuado no Championship, pelo Coventry e pelo Swansea, sendo que, pelo Brighton, só foi utilizado na Taça da Liga e na Taça de Inglaterra. Recorde-se, aliás, que a sua saída do Coventry também não foi pacífica quando abraçou o projeto leonino. Rúben Amorim, treinador do Manchester United, que conhece bem o jogador dos tempos do Sporting, também piscou o olho ao camisola 9, mas acabou por esbarrar na vontade deste em jogar no Arsenal, clube da sua preferência desde criança.
Gunners demarcam-se do conflito com Varandas
O Arsenal está prestes a fechar a contratação de Gyokeres, mas não quer envolver-se no braço de ferro entre o Sporting e o jogador. De acordo com a emissora inglesa Sky Sports, os gunners, que se mantiveram tranquilos durante as negociações, consideram que não tiveram responsabilidade na deliberada ausência do sueco da convocatória para a pré-época.