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Beckham deixa um aviso à Ratcliffe: «Amorim precisa mesmo de ser apoiado»

Antes da final europeia, David Beckham comentou a prestação do Manchester United em 2024/25 e deu a entender que nem a conquista da Europa League frente ao Tottenham pode salvar a temporada, mas lembrou que, na sua altura, havia estabilidade no clube, em todos os setores.

«Não tem sido uma grande época e acho que isso é ser gentil. Quando não há estabilidade no clube, isso nota-se. Tivemos a sorte de fazer parte do clube mais estável, com o mesmo treinador, proprietário, adeptos e jogadores durante muitos anos. Sabemos que quando há estabilidade no clube, há sucesso. Tão simples quanto isso», começou por dizer, em entrevista ao The Athletic, elogiando bastante o treinador Ruben Amorim.

«Acredito que agora temos um treinador muito bom. Acredito que temos muitas pessoas que estão a tentar trazer estabilidade ao clube. No entanto, o que mais interessa aos nossos adeptos é o que acontece em campo e o que está a acontecer em campo não agrada aos adeptos, mas uma coisa é certa: os nossos adeptos comparecem semana após semana. Há 74.000 adeptos naquele estádio, não importa o que aconteça, não importa como estamos a jogar ou quem está a jogar. O treinador sabe disso, o treinador compreende isso. É por isso que gosto do Ruben e acho que ele tem aqui uma verdadeira oportunidade. É um treinador jovem, com sucesso no seu currículo e uma grande experiência para a sua idade. Por isso, acho que ele vai fazer as mudanças que precisa de fazer», explicou, pedindo que o português seja apoiado no mercado por Ratcliffe, que tem feito decisões drásticas em termos financeiros.

«Acho que o Ruben precisa mesmo de ser apoiado para trazer os jogadores que quer, mas na verdade não sei até que ponto isso é possível. Não falo com o Jim muitas vezes, só de vez em quando. O Ruben precisa de ser apoiado como treinador para trazer a sua equipa e a sua filosofia, ele já está a tentar fazer isso, mas acho que quando ele trouxer a sua equipa e os seus jogadores, então veremos algo diferente. Críticas? Sei que Jim chegou e tomou algumas decisões importantes. Talvez as pessoas tenham ficado chateadas com isso e os adeptos tenham ficado chateados com algumas das decisões. Só posso falar de quando o Jim chegou e gostei do facto de ele ser um adepto. Gostei do facto de ele ter vindo dos arredores de Manchester. Mas prefiro não falar das decisões tomadas, porque há muitas pessoas que conheço há muito tempo que já não estão no clube e isso magoa. Mas não é um clube que me pertença, é um clube com o qual me preocupo e que adoro», disse, apelando que Bruno Fernandes e Mainoo não sejam vendidos.

«Gostaria de pensar que não seria necessário vender o capitão. Ele tem sido excecional. Todos nós criticámos, por vezes, alguns jogadores do United, mas quando precisámos de alguém que desse um passo em frente, ele fê-lo. Também detesto [a ideia de] qualquer jovem jogador que tenha crescido no United deixar o clube. Não devíamos estar a vender jogadores apenas por razões financeiras. O que importa é o que estão a fazer em campo e, se não estiverem a jogar bem, há sempre uma hipótese – todos nós sabemos isso, eu sabia. Se eu não estivesse a jogar bem em campo, não importava o que tinha feito no passado ou o que ia fazer no futuro; havia uma boa hipótese de ficar no banco ou de ser vendido. Gostaria de pensar que o Manchester United não vende jogadores que cresceram no clube, que compreendem e amam o clube. Não quero que os jogadores deixem o Manchester United se gostam do clube como eu gosto», atirou o inglês, lembrando quando saiu de Inglaterra para rumar ao Real Madrid, contra a sua vontade, e defendeu a teimosia de Amorim em manter a sua tática, mas comparou-o com Ferguson.

«Muitos treinadores vieram dizer isso, mas acho que é preciso olhar para um dos melhores treinadores de sempre do Manchester United e um dos melhores treinadores do futebol. Ferguson sempre soube quando mudar e quando se adaptar. Sabia sempre que tinha outra opção para mudar o sistema, para mudar os jogadores, para trazer novos talentos. Ele era o melhor nisso. Por isso, se ele é capaz de o fazer, tenho a certeza de que, a dada altura, se o Ruben vir que há uma oportunidade para mudar o sistema ou a forma como joga, talvez tenha de o fazer. Mas gosto do facto de ele ser do tipo: ‘Não, vou manter o meu sistema’. E é isso que eu respeito nele», finalizou.

«O que eles precisam fazer agora é criar alguma estabilidade»

Por outro lado, Gary Neville, ex-companheiro de Beckham, afirmou que tanto Amorim como Ratcliffe precisam de tempo. «Não há dúvida de que, nos primeiros 12 meses em que foi proprietário, há duas ou três coisas que ele teria feito de forma diferente. A realidade é que se trata de um clube tão grande, há tanto para fazer e havia tantas coisas erradas quando ele chegou, que acho que tem de lhe ser dado algum tempo para poder voltar a desenvolver um clube de futebol de sucesso. Há 10 anos que o United não tem sido bem sucedido aos níveis desejados, ganhando títulos da Premier League e da Liga dos Campeões, pelo que se trata de um período de transição em que os novos proprietários estão a construir novas bases. Digo sempre que são precisos três ou quatro anos para se conseguir criar algo e ele só está há 12 meses, por isso temos de lhe dar tempo. Estão na fase embrionária de um projeto de estádio, de um projeto de campo de treinos e de construção de uma nova equipa no terreno de jogo. Dizer em 12 meses se vai ser um fracasso ou um sucesso é demasiado difícil. Há duas ou três coisas que não correram muito bem e foram bastante impopulares, mas também há grandes mudanças que tinham de ocorrer. Quando se chega a um clube que, basicamente, teve um fracasso sustentado durante 10 anos e que recrutou mal, há coisas que se vão perturbando pelo caminho. É possível que se tomem algumas decisões que, em última análise, acabam por ser pouco rigorosas, mas a realidade é que era necessário mudar. Era mesmo necessária», explicou, pedindo estabilidade ao plantel.

«O que eles precisam fazer agora é criar alguma estabilidade. Tem havido muita instabilidade fora do campo, no que diz respeito ao pessoal que não joga, e tem havido muita instabilidade em campo, com as mudanças de treinador e as alterações no plantel. Isso tem de acabar em algum momento e eles têm de se integrar na equipa de Ruben, deixando-os desenvolver-se. Penso que por esta altura, no próximo ano, saberemos muito mais, quando virmos se o Ruben consegue construir uma equipa de sucesso», acrescentou, alegando que o português necessita de um mercado de transferências muito forte para virar a situação.

«No Natal do próximo ano, saberemos muito mais, porque acho que o Ruben precisa de uma segunda janela de transferências. Ele precisa de uma pré-época adequada com a equipa para incorporar este sistema e este estilo de jogo. Saberemos muito mais em outubro, novembro e dezembro, quando tenho a certeza de que estarão a ganhar mais jogos do que agora. É preciso uma grande reforma no verão. Cinco ou seis jogadores, no mínimo, têm de ser capazes de mudar a direção da forma como ele quer jogar. Há pelo menos dois avançados, um médio centro, dois laterais e outro defesa central. São precisos seis jogadores, no mínimo. Ruben tem sido muito bom a identificar os jogadores que quer fora do clube, isso é muito claro para toda a gente. O trabalho do clube agora é tirá-los de lá e arranjar substitutos que ele goste e queira na sua equipa», justificou, comentando a final europeia esta quarta-feira.

«Esse jogo está a fazer-me revirar o estômago com o seu nível de importância, para ambos os clubes. Não apenas do ponto de vista do título, não apenas do ponto de vista do treinador, mas também do ponto de vista financeiro; o que dá aos dois clubes em termos de atrair jogadores e o dinheiro que vai colocar nos clubes. Está a deixar-me um pouco doente [risos]», finalizou.

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