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Sporting: Debast conta aos belgas como são os dérbis e a festa no Marquês

Zeno Debast está na Bélgica, onde foi chamado para representar a seleção do seu país, e numa manhã de folga concedeu uma entrevista ao HLN (Het Laatste Nieuws). Recebeu a equipa de reportagem em casa dos pais, em Halle, e quando lhe ofereceram bolos para o pequeno almoço, o jogador do Sporting não resistiu: «Daqui a pouco como um eclair, o meu favorito.»

Instado a fazer um balanço da primeira época ao serviço do Sporting, a resposta foi em tom entusiasmante.

«Foi inesquecível. Fenomenal. Ganhámos o título, conquistámos a taça… Só posso estar feliz com a escolha que fiz no verão passado. Além disso, Lisboa é uma cidade muito agradável. Moro numa zona um pouco mais tranquila, perto da praia. Para mim, é um dos locais mais bonitos da cidade, porque é muito tranquilo», realçou.

E questionado sobre o momento mais bonito que viveu, não hesitou: «O último dia de jogo. Tanto o Benfica como nós ainda podíamos ser campeões. Nós ganhámos, eles empataram. Mas foi emocionante, porque ainda podia acontecer de tudo. O facto de, no final, conquistarmos o título é fantástico.»

Ainda não tenho palavras para descrever. Acho que havia mais de 120 mil adeptos na cidade para acompanhar o nosso autocarro. 120 mil pessoas! Ainda vejo todos os dias os vídeos que gravei. A sério. As loucuras que aconteceram lá

«Mas, só um dia depois me apercebi bem do que aconteceu. Depois do jogo, tudo aconteceu muito rápido. Queres encontrar a família o mais rápido possível — eles estavam presentes e emocionados, o que me tocou —, comemorar com os colegas de equipa, entrar no autocarro e fazer a festa. Só fui para a cama às sete da manhã. E quando acordei algumas horas depois, disse: ‘Zeno, és campeão’. Nessa noite, fomos a um restaurante com todo o grupo. Estávamos eufóricos. Essa euforia durou até depois da final da taça ganha.»

Bebast ficou impressionado com a festa no Marquês: «Ainda não tenho palavras para descrever. Acho que havia mais de 120 mil adeptos na cidade para acompanhar o nosso autocarro. 120 mil pessoas! Ainda vejo todos os dias os vídeos que gravei. A sério. As loucuras que aconteceram lá [risos]. Acho que vi tudo numa única noite.. Foi uma loucura. Vi alguém a tentar saltar de uma ponte para o nosso autocarro. Outro adepto estava pendurado num poste de iluminação a quatro metros de altura. Incrível. É assim que se vê o que o futebol pode fazer a uma pessoa.»

TATUAGEM DO GOLO AO LILLE

Zeno Debast tem várias tatuagens no corpo, todas com significado especial. Questionado sobre se vai fazer alguma alusiva à última temporada, o belga anuiu: «Com certeza que sim. Já tenho algumas ideias em mente [risos]. Talvez algo relacionado com o meu golo na Liga dos Campeões contra o Lille, a data, ou algo assim. Além disso, talvez algumas palavras em português ou um troféu. Mas só será depois do verão. Ainda preciso pensar um pouco.»

A MENSAGEM DE AMORIM

Debast foi instado se imaginava este sucesso há alguns meses quando Ruben Amorim saiu para assumir o comando técnico do Manchester United.

«Foi difícil aceitar quando soube que ele ia embora. O Hugo Viana [diretor desportivo] também escolheu o Manchester City a meio da época. Foram essas duas pessoas que me vieram buscar ao Anderlecht. Enquanto jovem começas a pensar ‘Ok, ainda vou ter a minha oportunidade ou tudo vai mudar?. Mas, no final, correu tudo bem. O grupo lidou bem com a saída de Amorim. A propósito, ainda mantenho contacto com ele de vez em quando. Enviou-me uma mensagem depois do título, assim como o Emanuel Ferro e o Carlos Fernandes, que foram com ele também. Isso é bom. A escolha que fiz no ano passado revelou-se a correta», respondeu.

Quanto ao que aprendeu no Sporting, Debast destacou «lidar com a pressão externa».

«Em Lisboa, cidade maior do que Anderlecht, os media sabem de tudo. Se fores a um restaurante com a equipa, as câmaras estão à tua espera quando chegas. Mas atenção: as pessoas são descontraídas. Só quando perdes é que não deves aparecer no centro durante dois dias [risos]», acrescentou.

DÉRBI É SEMPRE INTENSO

Aos belgas Debast também quis contar o quão intensos são os jogos com o Benfica.

«Eu achava que tinha vivido muito nos jogos contra o Standard, o Club Brugge ou o Union. Ui, nada disso. Lá, já se começa a falar do dérbi quatro semanas antes. Até na padaria se ouve falar do jogo. Acho que há adeptos que não conseguem dormir nos dias antes ou depois dos dérbis», relatou.

«GANHEI SEIS QUILOS DE MASSA MUSCULAR»

«É fantástico que o futebol seja tão importante lá. Mas há outras coisas também, claro. Morei praticamente sozinho no estrangeiro durante um ano. Uma nova língua, um novo grupo, novos colegas de equipa… Sinto que estou mais seguro de mim mesmo. Também em campo. Melhorei defensivamente e, num ano, ganhei seis quilos de massa muscular. O plano de ação do Sporting foi feito à medida para mim. Tudo o que prometeram de antemão, cumpriram», revelou.

Ele [Gyokeres] é um monstro, um trabalhador incansável. O Viktor é o jogador mais completo que já vi. Ele nunca se satisfaz. É preciso ter dormido bem e tomado um bom pequeno almoço antes do treino. Caso contrário, não vai correr bem

Desafiado a revelar as diferenças do trabalho feito no Sporting em relação ao Anderlecht, Debast explicou: «Acho que é o quadro geral. Há um orçamento um pouco maior, mais pessoas a trabalhar para o clube. O Sporting tem, por exemplo, um nutricionista por jogador. Todos recebem o seu plano individual. Desde janeiro que trabalho com um chef pessoal que vem cozinhar a minha casa quatro a cinco vezes por semana. Ele sabe perfeitamente o que o meu corpo precisa [risos]. Também porque não sou muito bom na cozinha. Esses detalhes tornaram-me melhor.»

E a questão sobre o seu posicionamento em campo surgiu: defesa-central ou um médio centro?

«[Risos] Às vezes era de um lado para o outro, jogava como lateral direito, lateral esquerdo, defesa-central, médio ofensivo. Com a bola isso não era tão difícil, mas quando perdíamos a posse, às vezes era complicado. Tinha dificuldade principalmente com o meu posicionamento, pensava ‘devo continuar ou deixar a bola passar?’. De repente, também tinha de pressionar com o avançado e ficava com as costas viradas para a baliza», confessou.

Mas uma conversa com o treinador Rui Borges mudou tudo: «Falei com ele. Ele também me vê como um médio e quis dar uma oportunidade a isso. A escolha acabou por dar certo e continuei nessa posição. Cresci e fui criado como defesa-central, esses automatismos estão dentro de mim, às vezes ainda treino nessa posição, isso foi discutido internamente. Não quero perder as sutilezas e a sensação de defender.»

E treinar como defesa contra um avançado como Viktor Gyokeres, não deve ser muito divertido?

«Ele é um monstro, um trabalhador incansável. O Viktor é o jogador mais completo que já vi. Ele nunca se satisfaz. É preciso ter dormido bem e tomado um bom pequeno almoço antes do treino. Caso contrário, não vai correr bem [risos]. Treinar contra jogadores assim torna-nos melhores.»

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